Política e Resenha

ARTIGO – Marias: a sagrada força das mães invisíveis

 

(Padre Carlos)

Há um Brasil que não cabe nos noticiários, que escapa aos mapas e que não se mede por PIB ou estatística. Um Brasil que mora nas cozinhas modestas de uma casa simples, onde uma mulher chamada Maria acorda antes do sol e dorme depois que a esperança se recolhe. Ali, entre o cheiro de café passado e as roupas lavadas no tanque, pulsa o coração mais forte desta nação: a mãe brasileira.

Maria, nome comum, destino incomum. É ela quem leva o mundo nas costas sem jamais se queixar. Seu currículo não cabe em papel: mãe guerreira, operária do afeto, enfermeira das febres da infância, professora do dever de casa e, por vezes, pai também. Essa mãe que criou sozinha enfrenta o mundo com a coragem dos santos e a paciência dos anjos. Se alguém perguntar o que ela tem, ela responde: “Nada… Só um filho pra criar.” Mas esse filho é o tudo dela — e isso basta.

Maria é tantas. Maria é aquela que empurra o carrinho no mercado contando centavos. É a que reza baixinho com o terço enrolado nos dedos pedindo que o filho vença a vida e não caia nas armadilhas do mundo. É a que vende bolo, costura, faxina, planta, amassa barro e amassa pão. Tudo por um sonho que nem é seu: o sonho do filho estudar, ter uma profissão, escapar da pobreza que sempre morou ao lado.

Quantas histórias de mãe se perdem na correria do dia a dia? Quantas Marias vão envelhecendo sem nunca terem vivido para si? Os cabelos brancos vêm antes do tempo, os olhos ficam fundos, mas o coração… ah, o coração segue enorme, com espaço para todos os filhos, mesmo aqueles que se esqueceram dela.

Essa é a mãe forte e amorosa, que se cala para não pesar, que se curva para sustentar. Aquela que não aparece em propagandas nem em capas de revista, mas que deveria ser declarada patrimônio afetivo da humanidade. Porque sem Maria, o Brasil se perderia.

Este texto é uma homenagem às mães, mas sobretudo às Marias — tantas vezes ignoradas, tantas vezes subestimadas, tantas vezes heroínas. Que neste dia, ao menos neste, possamos lembrar que cada prato cheio, cada diploma na parede, cada vida que deu certo, tem por trás uma mulher que talvez nem saiba ler, mas sabe amar como ninguém.

Se é verdade que Deus não pode estar em todos os lugares, talvez por isso mesmo tenha inventado a mãe.