Política e Resenha

ARTIGO – Memória e Reconhecimento: O Alto Maron e Suas Lideranças Esquecidas (Padre Carlos)

 

 

 

A história de Vitória da Conquista é marcada por nomes e trajetórias que, por muito tempo, permaneceram esquecidos nos becos da memória coletiva. Ao refletir sobre o recente reconhecimento da professora Maria Idalina com uma praça em sua homenagem no Alto Maron, inevitavelmente somos levados a lembrar de um passado repleto de lideranças que moldaram os alicerces da cidade como a conhecemos hoje.

Na década de 1970 e 1980, o bairro Alto Maron fervilhava como um celeiro de lideranças que lutavam por uma nova cidade, mais inclusiva e justa. Era um tempo em que a força das comunidades organizadas transcendia as barreiras geográficas e sociais, com personagens que, silenciosamente, ergueram suas vozes em nome da educação, da igualdade e do progresso. Maria Idalina, uma mulher nascida em Santa Inês e abraçada por Conquista, é um exemplo brilhante desse espírito de liderança.

Com sua formação em Pedagogia e sua dedicação à sala de aula, Idalina não apenas educou gerações, mas também plantou sementes de cidadania e responsabilidade coletiva. Sua atuação em instituições como o Colégio Adelmario Pinheiro e sua participação ativa nos movimentos da Igreja Católica revelam a grandeza de uma mulher que acreditava no poder transformador da educação e da fé.

Ao ver sua memória perpetuada em uma praça no bairro que foi palco de tantas lutas, é impossível não lembrar de outras figuras que compartilharam desse sonho de transformação. Onde estão os registros de suas vozes, suas ações e suas histórias? Muitos líderes do Alto Maron e de outros cantos da cidade não receberam a mesma honra. Contudo, a homenagem a Maria Idalina abre um espaço para reavivarmos a memória coletiva e valorizarmos aqueles que, como ela, dedicaram suas vidas ao bem comum.

Mais do que uma simples homenagem, a Praça Professora Maria Idalina é um convite à reflexão: como estamos preservando a memória daqueles que ajudaram a construir a cidade que temos hoje? É urgente resgatar as histórias esquecidas, trazendo para o presente as lições do passado e inspirando as futuras gerações.

Que a memória de Idalina e de tantas outras lideranças seja não apenas uma lembrança nostálgica, mas um compromisso de continuar lutando por uma Vitória da Conquista mais justa, educada e solidária. Afinal, como dizia o poeta: “A memória é o único paraíso do qual não podemos ser expulsos”. Que sejamos dignos dela.