O mais recente levantamento do Datafolha nos oferece um retrato claro e, ao mesmo tempo, surpreendente da base de sustentação política do presidente Lula. Católicos, pobres, negros e nordestinos formam o núcleo mais fiel de apoio ao atual governo. São justamente aqueles que historicamente viveram às margens das decisões políticas e econômicas do país.
A constatação de que os católicos são o grupo religioso que mais aprova o governo, com 34% de avaliação positiva, exige uma reflexão mais profunda. Não é apenas uma questão de religiosidade, mas de valores. A Doutrina Social da Igreja sempre defendeu a justiça social, a solidariedade com os pobres, e a busca por uma sociedade mais justa e fraterna. Muitos católicos veem, portanto, no presidente Lula alguém que, com todos os seus limites, ainda representa essa utopia cristã de um Brasil mais igualitário.
Da mesma forma, o apoio entre os pobres e os nordestinos revela uma ligação construída ao longo de décadas, alicerçada não em promessas vazias, mas em políticas públicas que transformaram vidas — como o Bolsa Família, o acesso à universidade pública e os programas de moradia e saneamento básico.
A grande mídia e setores da elite insistem em dizer que Lula perdeu o apoio das “classes médias”. Ora, mas que classe média é essa? Aquela que viaja para Miami e ignora os que morrem à míngua no corredor do SUS? Ou a classe média que se incomoda mais com o aumento de um imposto do que com o aumento da fome?
É preciso dizer: os mais pobres, os negros, os nordestinos e os católicos continuam a sustentar a esperança. São eles que, mesmo diante da campanha difamatória, ainda enxergam em Lula uma representação legítima de suas dores e sonhos. A elite pode ter o dinheiro, mas o povo tem memória.
Padre Carlos