Política e Resenha

ARTIGO – O Desrespeito à Soberania do Eleitor (Padre Carlos)

 

 

 

 

Não reconhecer a derrota é, sem dúvida, uma forma de desrespeito ao eleitorado, especialmente em uma eleição tão decisiva como a que ocorreu em Vitória da Conquista em 2024. A prefeita Ana Sheila Lemos Andrade conquistou uma votação expressiva, com 58,83% dos votos válidos, um resultado que reflete não apenas a aprovação de sua gestão, mas também a vontade da maioria dos conquistenses. Entretanto, o que mais surpreende é a postura do deputado federal Waldenor Alves Pereira Filho, que, ao não reconhecer a vitória de sua oponente, parece ignorar a voz de milhares de eleitores.

Ao se manifestar nas redes sociais afirmando que o resultado está sub judice e que continuará lutando pela justiça e democracia, Waldenor envia uma mensagem ambígua à população. Embora seja legítimo buscar os recursos judiciais cabíveis, a demora em aceitar o resultado já proclamado alimenta uma narrativa perigosa: a de que a maioria não importa. Este tipo de discurso pode minar a confiança da população no processo democrático e abrir precedentes para atitudes antidemocráticas em outras ocasiões.

É necessário compreender que, em uma democracia, a aceitação dos resultados faz parte do jogo. Questionar e judicializar decisões pode ser um direito, mas transformar essa ação em um símbolo de resistência pode ser visto como um desrespeito ao eleitor. As urnas falaram, e o recado foi claro: o povo escolheu Ana Sheila para continuar à frente da cidade. Se há dúvidas ou irregularidades a serem discutidas no âmbito jurídico, que assim se faça, mas sem deixar que essas discussões ofusquem o desejo da maioria.

O cancelamento da coletiva de imprensa, por parte de Waldenor, reforça a fragilidade dessa posição. Ao adiar uma manifestação oficial e insistir em uma narrativa de incerteza, ele dá margem para interpretações que vão além do campo político. É como se a coletividade, o anseio popular, estivesse sendo colocado em segundo plano. Ao não reconhecer a derrota, ele envia ao eleitorado uma mensagem de que sua vontade é menos importante que os interesses partidários.

Os líderes políticos têm um compromisso não apenas com seus eleitores, mas com a preservação da integridade democrática. E isso inclui respeitar os processos eleitorais e, principalmente, a vontade da maioria. Vitória da Conquista precisa de união, de governabilidade e de líderes que, mesmo em posições adversas, saibam respeitar os resultados e contribuir para o futuro da cidade.

A vitória de Ana Sheila Lemos ainda aguarda uma decisão final do Tribunal Superior Eleitoral, mas até que isso aconteça, cabe aos opositores respeitar o rito democrático e permitir que a cidade siga seu curso, com foco nas reais necessidades da população, e não em disputas que, ao fim, só enfraquecem a própria democracia.

O respeito ao eleitor conquistense passa, sobretudo, pelo reconhecimento de que a maioria decidiu. E isso deve ser celebrado, não contestado.