Nos últimos dias, fomos surpreendidos com as fortes declarações de ACM Neto a respeito das promessas de Luiz Caetano sobre segurança pública em Camaçari. A reportagem publicada pelo amigo Massinha revela a indignação do ex-prefeito de Salvador com o que chamou de “cara de pau” do candidato petista. Para Neto, a fala de Caetano, em que promete resolver os problemas de violência caso seja eleito, é um insulto à inteligência dos eleitores e uma tentativa de dissimular sua responsabilidade na crise de segurança pública que assola a Bahia.
Caetano, que já foi secretário estadual no governo do PT, faz parte de um ciclo de poder que governa a Bahia há 18 anos. Durante esse período, a violência no estado disparou, tornando a Bahia um dos estados mais violentos do país. E é nesse ponto que ACM Neto toca ao questionar a sinceridade da promessa de Caetano. Como pode alguém que participou diretamente do governo, que falhou ao lidar com a criminalidade, prometer agora, como se fosse mágica, resolver o problema da violência em Camaçari?
A retórica de Caetano, infelizmente, não é inédita na política brasileira. Promessas vazias, desconectadas da realidade, são frequentemente usadas para atrair eleitores desesperados por soluções imediatas. Contudo, a crise de segurança pública na Bahia não pode ser tratada de forma tão simplista. Estamos falando de um problema profundo, que envolve políticas mal planejadas, falta de investimentos adequados e a ausência de uma estratégia coordenada entre diferentes níveis de governo.
A Bahia, que há 20 anos apresentava uma taxa de morte violenta de 16 por 100 mil habitantes, hoje vê esse número triplicar. A situação é tão grave que, em certos aspectos, supera até a crise vivida pelo Rio de Janeiro em 2018, quando foi necessária uma intervenção federal para conter a escalada da violência. O que assistimos é uma inércia política que parece acomodada ao caos, sem uma verdadeira vontade de reverter esse quadro trágico.
Neto, ao questionar “até onde vai o limite da cara de pau dessa turma?”, coloca em evidência algo que nós, como eleitores e cidadãos, também devemos questionar: até quando vamos aceitar discursos populistas que jogam promessas ao vento, sem responsabilidade com a realidade? A questão da violência na Bahia, e em Camaçari em particular, não será resolvida com slogans ou bravatas de campanha. Ela exige um compromisso sério e ações concretas, coisa que o atual governo e seus aliados, como Caetano, não demonstraram nos últimos 18 anos.
O debate sobre segurança pública precisa ser levado a sério. É preciso ir além do jogo de culpas entre os partidos. A população baiana merece mais do que isso. Queremos ver um plano realista, baseado em dados e em experiências de sucesso, que envolva a participação de todos os entes federativos, desde as polícias até a sociedade civil. Precisamos cobrar soluções que vão além das palavras, exigindo políticas efetivas e com resultados mensuráveis.
A segurança pública, afinal, não pode ser uma moeda de troca em disputas eleitorais. Ela é um direito fundamental de todo cidadão e uma obrigação de qualquer governo. Caetano e o PT tiveram quase duas décadas para demonstrar que eram capazes de enfrentar a violência no estado. Agora, a pergunta que fica para o eleitor de Camaçari é: com base nesse histórico, será que devemos acreditar em mais uma promessa?
Talvez, a verdadeira cara de pau esteja em acreditar que, em meio a tanto fracasso, uma promessa vazia vá resolver aquilo que um ciclo de 18 anos não conseguiu.