A nova investida processual da defesa do ex-presidente Fernando Collor no STF é o retrato de um sistema que, enquanto se proclama justo, opera nas sombras dos interesses de uma elite privilegiada. Ao protocolar um novo recurso contra a condenação de oito anos e seis meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, não se trata apenas de uma manobra jurídica para postergar a punição, mas de um desafio à credibilidade de um judiciário que parece ceder aos apelos do poder.
É revoltante constatar que, mesmo diante de uma condenação firme — fruto da Operação Lava Jato que expôs os meandros de um esquema de corrupção — o ex-presidente se vê respaldado por artifícios legais que o mantêm longe do cárcere. Permitir que um condenado aguarde em liberdade, enquanto seus defensores lançam novos recursos, é um claro sintoma da justiça seletiva, onde a aplicação rigorosa da lei é relegada a segundo plano em favor dos interesses de uma minoria influente.
Essa estratégia recursal transcende a mera revisão de uma sentença; ela simboliza o uso da máquina judiciária como instrumento de proteção para aqueles que, historicamente, desfrutam de privilégios inaceitáveis. O STF, ao indeferir pedidos anteriores e agora enfrentar um novo desafio processual, mostra que a linha entre a lei e a política se confunde, comprometendo a integridade e a imparcialidade que deveriam nortear a justiça.
Em meio a esse cenário de manobras e brechas, a indignação é inevitável. A sociedade clama por transparência e equidade, exigindo que a justiça não se torne um palco para jogos de poder, mas sim o verdadeiro baluarte da verdade e da punição exemplar. Não podemos aceitar que interesses escusos obscureçam o caminho da justiça, permitindo que a impunidade se perpetue em nome do elitismo.
(Padre Carlos)