O Pacto das Catacumbas emerge como um marco na história da Igreja Católica, especialmente para aqueles que, como eu, tiveram sua formação nas bases e movimentos voltados para a ação social e política. Esse pacto, selado em 1965, nas Catacumbas de Santa Domitila, Roma, representa um compromisso profundo com uma Igreja voltada aos mais pobres, que recusa as pompas e os luxos em favor de uma vida simples, alinhada à realidade dos marginalizados.
Lembro-me bem da influência que esse pacto teve na minha juventude, quando participava ativamente da Juventude Operária Católica (JOC). Foi durante uma palestra no CEAS, ministrada pelo Pe. Confa, que tomei ciência da magnitude desse compromisso. Ele falava com uma paixão que contagiava, transmitindo a essência de uma Igreja que deveria ser serva e pobre. Uma Igreja que, sob a orientação de figuras como Dom Helder Câmara, optava conscientemente por viver de acordo com as necessidades dos que mais sofrem.
Essa visão encontrou ressonância em documentos fundamentais da Igreja na América Latina, como a Conferência de Medellín em 1968, que reforçou a opção preferencial pelos pobres. Mais tarde, essas ideias seriam reafirmadas em Puebla, Santo Domingo e Aparecida, solidificando a opção pelos pobres como um eixo central da atuação pastoral na região.
Hoje, vivemos sob o pastoreio de um Papa que encarna esses ideais. Francisco, desde os tempos em que era bispo em Buenos Aires, sempre se destacou por seu estilo de vida austero e por sua proximidade com os pobres. Como Papa, ele continua a nos exortar a sermos uma Igreja que vai ao encontro dos marginalizados, que abraça a periferia e que vive o Evangelho na simplicidade e na solidariedade.
O Pacto das Catacumbas não é apenas um documento histórico. Ele é um chamado contínuo à ação, à construção de um mundo mais justo e humano. Como cristãos, somos desafiados a transcender a globalização da indiferença e a edificar novas estruturas econômicas e sociais que priorizem o bem-estar de todos. Que possamos, como o Bom Samaritano, sentir compaixão pelos que sofrem e trabalhar incansavelmente por um futuro mais solidário e inclusivo.
Padre Carlos.