(Padre Carlos)
Hoje, o mundo despede-se de um pastor que transformou a história da Igreja com gestos de simplicidade e coragem. O Papa Francisco faleceu nesta segunda-feira, 21 de abril de 2025, aos 88 anos, na Casa Santa Marta, no Vaticano, após uma longa internação por pneumonia. livre
Em meio à dor desta partida, recordo com emoção um momento que sintetiza o espírito de Francisco: a visita Ad Limina dos bispos do Regional Nordeste 3 da CNBB, em maio de 2022. Naquela ocasião, Dom Zanoni Demettino Castro, arcebispo de Feira de Santana, presenteou o Papa com um pandeiro confeccionado pela comunidade quilombola de Matinha dos Pretos, na Bahia. O gesto simples e profundamente simbólico foi recebido com alegria por Francisco, que chegou a arriscar alguns movimentos com o instrumento.
Esse pandeiro, mais do que um objeto, representa a alma de um povo que, mesmo diante de adversidades históricas, mantém viva a chama da fé e da cultura. Ao ser entregue ao Papa, tornou-se símbolo da alegria do Evangelho e da resistência de comunidades que, como os quilombolas, lutam diariamente por reconhecimento e dignidade.
Francisco será lembrado como o Papa que levou a Igreja para fora de seus muros, que lavou os pés dos esquecidos e que não teve medo de tocar as feridas do mundo. Seu legado é de uma Igreja que escuta, acolhe e caminha com os pobres, os migrantes, os indígenas, os quilombolas e todos os que vivem nas periferias existenciais.
Hoje, o pandeiro de Matinha dos Pretos silencia em luto, mas seu som ecoará para sempre como símbolo da alegria que Francisco trouxe à Igreja. Que sua memória nos inspire a continuar construindo uma Igreja sinodal, aberta e comprometida com os sonhos e as lutas de todos os seus filhos e filhas.