Política e Resenha

ARTIGO – O passado não se esquece, mas pode deixar de doer (Padre Carlos)

Esquecer é impossível, mas superar é necessário

Esquecer alguém que marcou nossa vida, seja pelo amor ou pela dor, é uma ilusão. A verdade é que a memória humana não apaga o que foi significativo. Um grande amor, uma amizade verdadeira ou até mesmo uma decepção profunda deixam marcas, traços invisíveis que moldam quem somos. O tempo não apaga, mas ensina a lidar com essas lembranças de forma diferente.

Quando tentamos esquecer, na verdade estamos lutando contra algo que já faz parte de nós. E lutar contra si mesmo é um esforço desgastante e inútil. O segredo não está em apagar, mas em ressignificar. Afinal, o que fazemos com aquilo que nos marcou? Permitimos que nos destrua ou transformamos em aprendizado?

Algumas pessoas foram inevitáveis. Elas chegaram, nos tocaram, nos ensinaram—mesmo que por meio da dor. Não há como fingir que nunca existiram. A grande questão é: como escolhemos carregar essas memórias? Como peso ou como lição?

O amadurecimento emocional vem quando deixamos de tentar diminuir aquilo que foi grande para nós e, em vez disso, aceitamos sua importância. Um amor intenso que terminou não se torna insignificante só porque acabou. Uma amizade que se desfez não deixa de ter sido bonita. Uma ferida não desaparece negando sua existência. Mas tudo isso pode ser visto como parte de nossa construção, uma peça do quebra-cabeça que nos tornou quem somos.

Então, não tente esquecer. A vida não é sobre apagar, mas sobre integrar e seguir adiante. Reconheça, aceite e use essas experiências para crescer. Porque o passado só tem poder sobre nós se insistirmos em carregá-lo como um fardo. Quando entendemos sua lição, ele se torna apenas um degrau na nossa caminhada.