A recente onda de demissões em Camaçari, promovida pelo prefeito Antônio Elinaldo (União Brasil) após sua derrota eleitoral, escancara uma prática que, infelizmente, não é novidade na política brasileira. O ditado popular “o pau que dá em Chico dá em Francisco” soa pertinente para descrever esse cenário: independente do partido ou lado político, são sempre os cidadãos que sofrem quando os interesses políticos se sobrepõem aos deveres administrativos.
Elinaldo, após perder a eleição para Luiz Caetano, decidiu cortar na carne do funcionalismo público municipal, ordenando a demissão de todos os servidores comissionados e a devolução de prédios e veículos alugados pela Prefeitura. Esse desmonte, além de afetar diretamente a vida dos funcionários dispensados, impacta toda a comunidade, pois a cidade enfrenta um vazio administrativo e a ameaça de uma paralisia nos serviços públicos essenciais.
O Custo do Poder Efêmero
O ato de demitir em massa servidores comissionados logo após uma derrota eleitoral é emblemático de uma política que parece mais preocupada em enfraquecer o governo seguinte do que em administrar para o bem do povo. Na medida em que Elinaldo retira recursos e estrutura de funcionamento da Prefeitura, a consequência é um município que enfrenta uma espécie de “apagão” de serviços, um verdadeiro caos para a população que depende dos serviços públicos locais.
Esse tipo de conduta leva a uma reflexão sobre o que realmente deve nortear os princípios de um bom administrador público. A prática de desmontar uma gestão às vésperas da entrega do cargo não é apenas uma “reorganização” – é uma ação que visa prejudicar a estrutura de funcionamento da cidade e criar dificuldades adicionais para o próximo prefeito.
E o Povo, Onde Fica?
No final das contas, quem arca com as consequências dessas manobras é sempre o cidadão comum. Sem funcionários e estrutura adequados, como ficam as escolas, as unidades de saúde, os serviços de segurança e manutenção da cidade? Ao enxergar os cargos públicos como simples cabides de emprego ou ferramentas de controle político, os gestores comprometem a própria essência do serviço público.
A decisão de Elinaldo fere, sobretudo, os trabalhadores. A brusca demissão em massa representa uma perda imediata de empregos, que, por sua vez, significa um aumento direto no desemprego local e nas dificuldades econômicas para essas famílias. O trabalhador que cumpre seu papel, independente do governo em exercício, merece respeito e dignidade. Quando a gestão pública se utiliza do emprego como moeda de troca, todos perdem.
Politicagem e Vingança: O Ciclo Vicioso do Poder
A atitude de Elinaldo traz à tona uma cultura política antiga, mas ainda presente: a retaliação. Ele parece ter encontrado no desmonte administrativo uma forma de “vingança” pela derrota sofrida, deixando a próxima gestão de Luiz Caetano em uma situação desfavorável e sem os recursos necessários para um início de mandato estruturado. Tal prática cria um ciclo vicioso, onde a alternância de poder se transforma em um campo de batalha, em vez de um processo democrático e de continuidade dos serviços para a população.
Seja qual for o lado político, as atitudes de desmonte após uma derrota eleitoral refletem uma falta de compromisso com a população e com o desenvolvimento da cidade. Para os cidadãos de Camaçari, o impacto das demissões e devoluções será sentido no cotidiano, prejudicando aqueles que pouco ou nada têm a ver com as disputas pelo poder.
O Futuro que Queremos: Uma Política a Serviço do Povo
A alternância de poder faz parte do jogo democrático e deveria ser encarada como um processo natural, com transições que respeitem a continuidade dos serviços públicos. O bem público deve ser visto como um patrimônio de todos, não como um troféu que se ganha ou perde. Nesse sentido, o papel de um gestor é cuidar da cidade para que ela possa prosperar, independentemente de seu tempo de mandato.
Que o exemplo de Camaçari sirva de reflexão para a população e para futuros administradores: que a política seja uma ferramenta de serviço ao povo e que o cargo público seja um compromisso com a sociedade, não um instrumento de revanche.