Política e Resenha

ARTIGO – Quando a Câmara vai à escola da democracia

 

 

É raro ver o Parlamento se mover. Em geral, espera-se que o cidadão vá até ele, o que nem sempre acontece. Por isso, quando a Câmara Municipal de Vitória da Conquista decide sair de sua sede e visitar a FAINOR, abrindo ali sua Sessão Itinerante, algo simbólico e profundamente educativo acontece: o poder vai ao povo.

O gesto de realizar uma sessão legislativa no ambiente universitário é mais do que um ato de presença — é uma tentativa de resgatar a confiança e a relevância do poder público junto a uma juventude que muitas vezes se sente à margem dos processos decisórios. Para os estudantes, assistir aos debates, ouvir os discursos, perceber a pluralidade de vozes (e ausências) é como presenciar uma aula prática de cidadania.

Não é fácil restaurar a imagem da política num país em que ela tem sido tantas vezes sinônimo de escândalos e desconfiança. Mas não há outro caminho senão esse: o da aproximação real, da transparência vivida e da escuta ativa. O reitor Ítalo Brito captou bem esse momento quando celebrou a oportunidade de qualificar os debates e projetar a FAINOR como parceira no processo de amadurecimento institucional da cidade.

A Câmara de Conquista tem, historicamente, exercido um papel crucial, embora muitas vezes invisibilizado. Sessões itinerantes como essa são um modo eficaz de colocar luz sobre suas ações, de humanizar os vereadores e de lembrar à população que o Legislativo não é apenas burocracia — é também escuta, denúncia, proposta e, acima de tudo, serviço público.

Se outras sessões como esta forem planejadas com critério e continuidade, poderemos ver surgir uma nova cultura política local: menos distante, mais comprometida com a formação de opinião crítica e participativa. Que este não seja um evento isolado, mas o primeiro passo de uma caminhada mais longa e mais próxima entre a juventude acadêmica e o parlamento municipal.