Política e Resenha

ARTIGO – QUANDO A FAMA DESAFIA O SENSO MORAL COLETIVO (Padre Carlos)

 

 

 

 

A escolha de Jojo Todynho e Pablo Marçal como os “piores brasileiros” de 2024 não surge ao acaso. Esses nomes polarizam as redes sociais e o debate público porque desafiam, de maneira direta, o senso de moral, de civilidade e até mesmo de responsabilidade social que, apesar das inúmeras mudanças culturais, ainda sustenta parte da sociedade.

Jojo Todynho, com sua postura irreverente e declarações explosivas, construiu uma carreira baseada no confronto o politicamente correto. Enquanto alguns veem como símbolo de liberdade de expressão, outros encaram como alguém que banaliza o debate público ao reduzir tudo a discursos inflamados e sem filtro. Ao ignorar os limites do respeito e da empatia, Jojo parece reforçar uma cultura de banalização da ofensa, onde o espetáculo supera o conteúdo. Esse tipo de comportamento não só gera divisões sociais como afetando diretamente o convívio em uma sociedade plural, ao normalizar o desrespeito sob o manto da desvantagem.

Pablo Marçal, por outro lado, representa uma ameaça distinta. Conhecido por suas ideias controversas sobre empreendedorismo e autoajuda, ele propaga discursos que muitas vezes beiram o charlatanismo. Ao vender a ilusão de sucesso fácil por meio de métodos questionáveis, ele pode ser visto como alguém que subverte valores fundamentais, como o esforço e a ética, em favor de fórmulas mágicas de enriquecimento. Além disso, seu desprezo pelo politicamente correto e pela sensibilidade coletiva o torna uma figura polarizadora, que pouco contribui para o equilíbrio do debate público e, muitas vezes, o contamina com arrogância.

Essas duas figuras, cada uma à sua maneira, alimentam a sensação de que vale tudo pela fama e pelo dinheiro, sem responsabilidade sobre o impacto de suas ações. Numa era em que a opinião pública é moldada por influenciadores, como as posturas de Jojo Todynho e Pablo Marçal oferecem exemplos péssimos, especialmente para os mais jovens, ao fortalecerem uma cultura onde a ausência de limites e a transgressão de normas sociais se tornam atributos admirados.

Se há algo a aprender com essa eleição virtual, é que não basta promover a liberdade de expressão sem responsabilidade. O senso de moral não é uma barreira à liberdade, mas sim um norte para uma convivência respeitosa e saudável. Talvez Jojo e Marçal precisem refletir sobre o papel que desempenham e o legado que querem deixar: ser símbolos de uma sociedade em ruínas ou agentes de transformação construtiva?