(Padre Carlos)
No frenesi das redes sociais e do entretenimento massivo, o Brasil vem testemunhando uma dinâmica curiosa: a ascensão meteórica de personalidades que, sem a devida preparação ou maturidade, se veem impulsionadas para arenas que exigem muito mais do que carisma e popularidade. O caso do cantor sertanejo Gusttavo Lima, citado pelo colunista Tales Faria, ilustra essa nova realidade: o risco de transformar celebridades em eleitorais eleitorais.
Tales Faria, ao afirmar que a candidatura de Gusttavo Lima à presidência seria o “fundo do poço”, não apenas tece uma crítica ao cantor, mas reflete sobre a superficialidade que pode emergir na política quando a popularidade desmedida se sobrepõe à experiência e à responsabilidade . As aparências de artistas e influenciadores acreditam que sua fama os habilita a exercer cargas de alta complexidade não é exclusividade brasileira, mas ganha contornos peculiares em um país onde a política se tornou palco de espetáculo.
O sucesso, quando chega antes da maturidade, tende a produzir ilusões perigosas. Quem desponta de forma meteórica muitas vezes acredita que pode ultrapassar quaisquer barreiras – culturais, sociais ou políticas – apenas com o peso de sua popularidade. No entanto, como a história já demonstrada, o sucesso exige mais que talento ou sorte; demanda preparação, resiliência e, sobretudo, discernimento.
A popularidade conquistada no palco não se traduz necessariamente em capacidade de liderança. A política, diferentemente da música, requer uma profunda compreensão das necessidades sociais, econômicas e culturais de um povo, além de uma habilidade singular para negociar, articular e construir consensos. Gusttavo Lima pode ser um ícone da música sertaneja, mas isso, por si só, não o credencia a ocupar um cargo de tamanha responsabilidade como a presidência da República.
Vivemos uma época em que o espetáculo se sobrepõe ao conteúdo, e essa tendência pode ser fatal para a democracia. Quando os participantes começaram a confundir carisma com competência, abriram espaço para a ascensão de líderes populistas que, sem preparação, podem comprometer o futuro de uma nação.
A candidatura de Gusttavo Lima – se de fato se concretizar – deve servir como um alerta. Não basta ser famoso, é preciso ser capaz. E essa capacidade não se constrói da noite para o dia; exige maturidade, vivência e compromisso com o bem público. Caso contrário, corremos o risco de ver a política se transformar em mais um palco de ilusões, onde o que conta não é uma solução de problemas, mas o aplauso da plateia.
Se queremos um futuro melhor, precisamos, como sociedade, aprender a diferenciar sucesso de preparo, popularidade de competência. Só assim evitaremos que nossa política se torne refém de um espetáculo vazio e, como diria Tales Faria, nos leve ao verdadeiro fundo do poço.