A Avenida Presidente Getúlio Vargas, na Zona Leste de Vitória da Conquista, tornou-se palco de acidentes graves que escancaram uma preocupante realidade: a negligência do poder público. O acidente deste domingo (25), em que um veículo despencou de um barranco devido à falta de sinalização e iluminação, é apenas mais um capítulo de uma série de tragédias que poderiam ter sido evitadas.
Diante dessa situação, surge a inevitável pergunta: a quem cabe a responsabilidade? À Secretaria de Infraestrutura do Estado da Bahia (SEINFRA), responsável pela execução das obras? Aos deputados que representam o governo na Assembleia Legislativa? Ou ao governador, que em última instância coordena as ações do Executivo estadual?
Não é de hoje que as obras na Avenida Presidente Getúlio Vargas têm causado transtornos. Apesar de serem necessárias para a melhoria da infraestrutura, a condução dessas intervenções tem demonstrado falhas gritantes em quesitos básicos como segurança, sinalização e planejamento. A ausência de uma sinalização clara e de iluminação adequada em uma via em obras é mais do que uma negligência técnica — é um desrespeito à vida e à integridade dos cidadãos que dependem dessa estrada.
O desabafo da jornalista Lays Macêdo, vítima de um dos acidentes, reflete o sentimento de muitos conquistenses: “Me tornei vítima da inoperância do Estado”. A frase é contundente porque evidencia um problema estrutural maior. O Estado, em todas as suas esferas, parece ter se acostumado a minimizar os danos enquanto promove obras que, ironicamente, deveriam trazer melhorias, mas acabam causando dor e perdas irreparáveis.
Os deputados estaduais que representam a região têm sua parcela de responsabilidade. É função deles fiscalizar as ações do governo, cobrar celeridade e eficiência nas obras e garantir que elas sejam conduzidas com segurança. No entanto, o silêncio ou a falta de ação por parte de muitos legisladores reforça a percepção de que a população está desamparada.
Por outro lado, o governador não pode se eximir de responsabilidade. Como líder do Executivo, cabe a ele assegurar que as secretarias de Estado, incluindo a SEINFRA, cumpram suas atribuições com competência e respeito à população. Falhas como as que vêm sendo registradas na Avenida Presidente Getúlio Vargas apontam para uma gestão ineficiente ou, no mínimo, desatenta às demandas locais.
Além disso, a chuva, que foi um fator agravante no acidente deste domingo, não pode ser usada como justificativa para a tragédia. Em um Estado onde eventos climáticos são previsíveis, é inaceitável que obras de infraestrutura não considerem esses fatores em seu planejamento.
O que se espera agora é que as autoridades envolvidas tomem medidas concretas e imediatas. A sinalização e a iluminação adequadas não podem esperar o término das obras para serem implementadas. A vida das pessoas que transitam pela Avenida Presidente Getúlio Vargas deve ser prioridade absoluta.
Por fim, a população, que é a principal prejudicada, precisa cobrar respostas e ações de seus representantes. Não podemos nos conformar com a ideia de que acidentes como esse são inevitáveis. São, na verdade, resultado de escolhas equivocadas e da falta de compromisso com o bem-estar coletivo.
Seja na esfera estadual, legislativa ou municipal, é hora de cada instância assumir sua responsabilidade e trabalhar para garantir que a infraestrutura seja, de fato, um instrumento de desenvolvimento — e não uma fonte de sofrimento para a sociedade. Vitória da Conquista merece respeito, e a resposta para isso começa com a responsabilização e a exigência de mudanças efetivas.