Na manhã desta segunda-feira, 14 de abril, a Câmara Municipal de Vitória da Conquista foi palco de um encontro significativo, quando o Professor Doutor Mozart Tanajura Jr., filho do eminente historiador Mozart Tanajura, realizou uma visita ao presidente Ivan Cordeiro. Este encontro, ocorrido em dia normal de expediente e não durante sessão legislativa, representou um momento singular de reflexão sobre nossa identidade cultural e responsabilidade histórica.
Durante a cordial visita, o Professor Tanajura Jr. teve a oportunidade de conversar com o presidente da Casa sobre a obra “História de Conquista: Crônica de uma Cidade”, legado monumental de seu pai. Este livro representa mais que um simples registro cronológico – é o DNA literário de nossa comunidade, a narrativa que conecta gerações e fundamenta nossa existência enquanto povo. Contudo, o tempo tem sido implacável com este patrimônio intelectual. Exemplares raros, páginas amareladas pelo tempo, uma memória que se esvanece: este é o atual estado desta joia bibliográfica conquistense.
Em sua conversa com o presidente Cordeiro, Tanajura Jr. não apenas evocou a memória de seu pai, mas apresentou uma preocupação coletiva: a necessidade de resgatar e preservar este manancial histórico através da republicação autônoma da obra. Suas considerações apontaram que nossa identidade está intrinsecamente vinculada à memória que preservamos. Quando permitimos que nossa história se apague, condenamos nossas futuras gerações a viverem em uma comunidade sem raízes, sem narrativa própria, sem alma.
O tema apresentado ao presidente da Câmara transcendeu o mero pedido institucional. Ao sugerir que a republicação da obra fosse considerada como prioridade, Tanajura Jr. depositou nesta Casa a confiança de que os representantes do povo compreendem seu papel como guardiões da memória coletiva. A história não é propriedade de historiadores – é patrimônio público, alicerce sobre o qual construímos nossa cidadania.
Em resposta que demonstrou notável sensibilidade cívica durante o encontro, o presidente Cordeiro não apenas acolheu a proposta, mas a elevou a um novo patamar ao convidar o próprio Professor Tanajura Jr. para atuar como consultor do projeto. Esta iniciativa, caso concretizada, asseguraria que a reedição mantivesse a integridade intelectual e o rigor metodológico que caracterizaram a obra original, agora enriquecida pela perspectiva acadêmica de seu filho.
Este movimento ocorre em momento emblemático – o ano do centenário de José Pedral, outra figura cujo legado se entrelaça à narrativa conquistense. Ao valorizarmos simultaneamente o historiador Mozart Tanajura e personalidades como o ex-vereador Ney Ferreira e Silva, reafirmamos um princípio fundamental: a grandeza de Vitória da Conquista reside na continuidade entre passado, presente e futuro, mediada por aqueles que dedicaram suas vidas a servir esta comunidade.
A republicação da obra de Tanajura não representaria apenas justiça histórica a seu autor – constituiria ato de responsabilidade geracional. É nosso dever assegurar que as crianças e jovens conquistenses possam conhecer suas origens, compreender os desafios enfrentados por seus antepassados e, assim, desenvolver o amor consciente pela terra que habitam.
Que este projeto possa unir forças políticas, instituições educacionais e sociedade civil em torno de um objetivo comum: garantir que a história de Conquista permaneça viva, acessível e inspiradora para as próximas gerações. Porque um povo sem memória é um povo sem futuro, e nossa cidade merece muito mais que o esquecimento.
(Padre Carlos)