A política brasileira é fértil em roteiros tragicômicos, mas o novo espetáculo protagonizado pela oposição em Vitória da Conquista parece superar qualquer produção recente. Em cena, vemos seus advogados correndo em círculos, quase como quem tenta apagar um incêndio com um balde furado, enquanto lançam a defesa jurídica mais épica (e talvez mais cômica) contra o parecer da Procuradoria Eleitoral.
Nessa ópera bufônica, o drama e a comédia se misturam, e as lideranças da oposição surgem quase como heróis de Shakespeare – convencidos de que o trono de Conquista era seu por direito, agora veem seu “castelo de areia” desmoronar em câmera lenta. A Procuradoria, é claro, não comprou o discurso, mas, em resposta, os advogados não pouparam esforços para condená-la por “simplismo”. Não é qualquer simplismo, no entanto – é aquele tipo de “simplismo” que, por coincidência, costuma ter a simpatia do Tribunal Superior Eleitoral.
E assim se desenrola a peça. A defesa da oposição eleva Irma Lemos, mãe da prefeita Sheila, a uma figura quase mitológica, cuja presença no cargo de vice-prefeita parece desafiar as leis do tempo e do espaço. É como se Irma tivesse cometido um pecado cósmico de “momento incorreto,” e agora fosse necessário rever toda a cronologia para caber na narrativa.
No entanto, o argumento mais intrigante não é jurídico, mas metafísico. Ao defender que a Justiça precisa enxergar o caso por uma “perspectiva particularizada”, os advogados parecem querer que o TSE entenda o momento quase como um poema, algo subjetivo e maleável. Em outras palavras, estão tentando dobrar o entendimento jurídico com a flexibilidade de uma massinha de modelar, como se o Direito pudesse ser moldado ao sabor dos ventos eleitorais.
A cereja do bolo vem, claro, com o desfecho: se o parecer da Procuradoria for acolhido, talvez não reste outra opção à oposição senão apelar ao Vaticano – ou, quem sabe, à ONU, caso considerem necessário um pedido de socorro global para restabelecer a esperança.
No final, o show jurídico-político termina como uma verdadeira tragicomédia. Entre simplismos, esperanças, sonhos de verão e pedidos de milagre, a defesa da oposição nos lembra que, na política, a realidade pode ser surreal. Mesmo que a vitória não venha nos tribunais, pelo menos o entretenimento está garantido para a plateia, porque, convenhamos, rir é o que nos resta.