(Padre Carlos)
Irmãos e irmãs, a Paz do Senhor esteja com todos!
O Evangelho de hoje nos coloca diante de Tomé, aquele que ousou duvidar, aquele que carregou a dor da ausência, o peso da incerteza. Quantas vezes, queridos irmãos, somos nós os Tomés da nossa história? Quantas vezes, em meio às provas da vida, sentimos falta do toque, da certeza, da presença que aquece a alma? Tomé não foi menos amado por duvidar. Ao contrário, foi profundamente amado por Deus, que se dignou a responder à sua busca sincera.
A fé, amados, não nasce da perfeição. Ela brota da ferida, da lágrima, do grito silencioso de quem se sente só e clama por Deus. E é ali, no mais íntimo da nossa humanidade, que o Ressuscitado se manifesta. Não é em palácios nem em espetáculos, mas na vulnerabilidade do coração que Ele vem, mostrando as mãos traspassadas e o lado aberto, dizendo: “Não sejas incrédulo, mas crente.”
A misericórdia de Deus, como nos ensina o Papa Francisco, é este abraço que nos alcança antes mesmo que tenhamos força para estender a mão. Não é teoria, não é ideia bonita. É Jesus, vivo e ressuscitado, que se inclina até nós, toca nossas chagas e as transforma em fontes de vida. É a porta sempre aberta para o cansado, para o caído, para o arrependido.
Hoje, irmãos e irmãs, somos chamados a sermos rostos de misericórdia neste mundo tão ferido. Onde houver muros, construamos pontes. Onde houver exclusão, semeemos acolhimento. Que a nossa vida proclame que a dúvida sincera pode ser caminho para a fé viva, e que a misericórdia sempre terá a última palavra. Como Tomé, toquemos o Senhor com o coração e deixemo-nos tocar por Ele. E então, como ele, confessemos de todo o coração: “Meu Senhor e meu Deus!” Amém. 🙏