Política e Resenha

ARTIGO – Um Tapa na Cara da Democracia e da Moralidade Pública

 

(Padre Carlos)

Nos bastidores da posse em Lauro de Freitas, no dia 1º de janeiro de 2025, a cena não poderia ser mais simbólica do que aquilo que muitos compartilham um dos grandes males da política brasileira: o apego ao poder e aos privilégios, mesmo diante de uma derrota nas urnas. A presença de vários ex-vereadores rodando a sessão legislativa não foi mera coincidência; foi um prenúncio do que se revelou um escândalo político e ético.

A vereadora Neide Brito, em uma manobra típica do que muitos se identificam como o estilo de governar do PT, conseguiu aprovar, de forma sorrateira, um projeto que representa um verdadeiro acto ao povo de Lauro de Freitas. O texto, sequer debatido publicamente, cria cargas para ex-vereadores derrotados nas eleições de 2024, permitindo-lhes continuar a açúcar os recursos públicos. O esquema inclui um trabalho de fachada – apenas um dia por semana – e um salário exorbitante de até R$ 17.000.

A Vergonha Escancarada

Se esse projeto realmente for colocado em prática, será uma verdadeira tapa na cara dos moradores de Lauro de Freitas, que acreditaram no processo democrático e na alternância de poder. A derrota nas urnas deveria ser o ponto final do mandato e dos privilégios de qualquer parlamentar. Contudo, para os políticos referenciados – Neide Brito, Júnior Neves, Edvaldo Ferreira, Jânio Corredor, Alexandre Marques, Huldaci Santana e Flor – parece que a derrota é apenas um detalhe, já que o apego ao erário público continua inabalável.

Não bastasse a gravidade do ato em si, a aprovação às escondidas, no apagar das luzes de 2024, demonstra um completo desprezo pelos princípios básicos da transparência e da ética. Essa prática de legislar às escuras, sem consulta popular, mina a confiança da sociedade nas instituições e reforça a ideia de que a política é apenas um jogo de interesses particulares.

O Papel de Débora Régis

Agora, toda a atenção se volta para a prefeita eleita Débora Régis. Sancionar ou vetar esse projeto será um divisor de águas para sua administração. Caso aprove, Débora não apenas assumirá o ônus político de endossar uma medida tão obscura, mas também sinalizará que sua gestão está alinhada com práticas que perpetuam a corrupção e o clientelismo.

Por outro lado, ao vetar o projeto, Débora poderá demonstrar que sua administração está comprometida com a moralidade pública e o respeito à vontade popular. Esse gesto pode marcar o início de um novo capítulo para Lauro de Freitas, onde a política seja feita para servir o povo, e não para privilegiar quem já perdeu o direito de representá-lo.

Um Chamado à Sociedade

A população de Lauro de Freitas não pode se calar diante dessa tentativa de perpetuar privilégios injustificáveis. É preciso cobrar explicação, exigir transparência e, acima de tudo, pressionar pela retirada desse projeto absurdo. A democracia não pode ser um jogo onde o vencedor é sempre quem detém o poder, mas sim uma ferramenta para construir uma sociedade mais justa e equitativa.

Que essa denúncia seja o ponto de partida para um debate amplo e profundo sobre os limites do poder legislativo e o uso responsável do dinheiro público. A política precisa voltar a ser um instrumento de transformação social, e não uma fonte inesgotável de privilégios para uma minoria.

Se Débora Régis vetar esse projeto, enviaremos uma mensagem clara: em Lauro de Freitas, a vontade popular e a moralidade pública ainda têm vez. Caso contrário, o município terá oficialmente entrado em tempos sombrios.