Política e Resenha

ARTIGO – UMA RODOVIA FEDERAL ENGARRAFADA NA OMISSÃO (Padre Carlos)

 

 

 

Não é preciso ser urbanista, engenheiro ou pitonisa para enxergar o que se passa no cruzamento do Anel Viário de Vitória da Conquista, acesso aos Campinhos. Basta ser motorista, pedestre ou — pior ainda — vítima de um sistema que nos condena diariamente à paralisia. Ali, o trânsito trava, os nervos explodem e a cidade, impotente, assiste ao espetáculo da omissão crônica.

Mas sejamos claros: o colapso não caiu do céu. Tem nome, tem CNPJ, tem esfera de poder. A ViaBahia, que foi concessionária da BR-116, é a primeira e principal responsável por esse atoleiro que custa vidas, tempo e paciência. Pagamos pedágios, mas recebemos em troca a crônica do descaso e um adeus de mão fechada para os baianos e conquistenses. A obrigação de construir o viaduto  era dela, contratualmente. E se o contrato foi ignorado, a culpa sobe de patamar.

Aqui entra o Governo Federal, responsável pela fiscalização das concessões federais. Há anos, os relatórios apontavam falhas gritantes. Há anos, a indignação se acumulava. E o que se fez? Encheram os bolsos da Via Bahia com uma fortuna e deixaram partir sem cumprir o que foi acordado.

E não esqueçamos os deputados federais e senadores da região, tão ligeiros na arte da autopromoção, mas tão lerdos na cobrança efetiva. O Anel Viário que se estrangula todos os dias é, na verdade, o retrato de um país acostumado à irresponsabilidade compartilhada: a concessionária que negligenciou o governo que tolerou os parlamentares que se omitiram. A engrenagem da omissão funcionou perfeitamente, enquanto o trânsito real permaneceu e permanece parado.

Mas ainda há esperança — desde que não nos resignemos. No próximo dia 28 de abril, às 19h, haverá audiência pública na Câmara Municipal. Uma oportunidade rara para fazer barulho. Quem não puder comparecer, que assista pela Rádio Câmara ou pelo YouTube. A ausência será lida como anuência. A presença será resistência.

Vitória da Conquista não pode continuar presa no engarrafamento da inércia política. A hora de exigir o que é direito — e não favor — é agora. Porque quem se omite hoje estará preso amanhã no mesmo congestionamento — só que sem direito a buzina.