Política e Resenha

ARTIGO: Vereadores como agentes de transformação: quando a política se volta para o bem comum

 

 

 

Por Padre Carlos

Em um momento em que a descrença na política atinge níveis alarmantes, exemplos de atuação responsável e comprometida são fundamentais para reacender a esperança de que o serviço público pode, sim, ser uma ferramenta de transformação social. A recente visita do vereador Ivan Cordeiro ao deputado estadual Vítor Azevedo, com o objetivo de articular investimentos para a Fundação de Saúde e o Hospital Esaú Matos, em Vitória da Conquista, é um caso que merece destaque não apenas pelo conteúdo técnico das demandas, mas sobretudo por representar uma política que coloca o coletivo acima do individual.

O cenário da saúde pública no Brasil é, no mínimo, complexo. Municípios de médio e grande porte enfrentam diariamente gargalos como a falta de infraestrutura, déficit de equipamentos e insumos, e a sobrecarga dos serviços básicos. Vitória da Conquista, terceira maior cidade da Bahia, não é exceção. Nesse contexto, a atuação do vereador vai além do papel tradicional de fiscalizador ou debatedor de projetos: transforma-se em um mediador essencial entre as necessidades locais e os recursos estaduais e federais. Quando um parlamentar municipal busca parcerias com deputados estaduais, como fez Cordeiro ao se reunir com Azevedo, ele demonstra que entendeu a lógica colaborativa da federação e a importância de construir pontes entre os poderes.

Essa articulação não é apenas uma manobra técnica. É uma atitude política profundamente ética. Buscar recursos para a saúde pública significa direcionar esforços para uma área que afeta diretamente a vida das pessoas, especialmente das camadas mais vulneráveis. A Fundação de Saúde e o Hospital Esaú Matos não são apenas instituições — são a linha de frente no atendimento a milhares de famílias que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). A falta de investimento nessas estruturas acaba se traduzindo em filas, espera prolongada por exames e, muitas vezes, em tragédias evitáveis. Ao reconhecer essa realidade e mobilizar-se concretamente para enfrentá-la, o vereador assume uma postura que une sensibilidade social a um senso de responsabilidade institucional.

O que, porém, torna esse exemplo digno de análise é que ele contrasta com práticas políticas recorrentes, como o clientelismo, o corporativismo estéril e a busca por visibilidade a qualquer custo, muitas vezes em detrimento dos reais interesses da população. Infelizmente, não é incomum que vereadores se limitem a discursos vazios ou a ações meramente simbólicas, sem traduzir seu mandato em resultados tangíveis. A iniciativa de Cordeiro, ao contrário, mostra que é possível e necessário fazer política de forma diferente: com diálogo, com planejamento e, sobretudo, com compromisso.

A parceria entre poderes, nesse caso, é mais do que uma estratégia. É um modelo de governança que reconhece a interdependência das esferas de governo e a necessidade de cooperação para enfrentar desafios complexos. O deputado Vítor Azevedo, ao abrir espaço para essa discussão, também mostra que a atuação parlamentar responsável transcende as fronteiras partidárias e regionais, colocando-se a serviço do desenvolvimento local e do bem-estar social.

Claro está que uma única ação, por mais significativa que seja, não resolve décadas de subfinanciamento e desorganização no setor saúde. Mas ela pode ser o início de uma mudança efetiva, desde que replicada e ampliada. Mais do que isso, serve como parâmetro ético para a avaliação do trabalho político: um vereador que se dispõe a batalhar por recursos para a saúde pública está, de fato, colocando seu mandato a serviço do povo que o elegeu.

Diante disso, cabe à sociedade acompanhar com atenção as ações de seus representantes, cobrando não apenas promessas, mas resultados. E cabe aos políticos, sobretudo aqueles que assumem mandatos de proximidade com a população, como os vereadores, entender que sua responsabilidade vai além do discurso: está na capacidade de transformar palavras em ações que impactem positivamente a vida dos cidadãos.

A visita de Ivan Cordeiro ao deputado Vítor Azevedo é, portanto, mais do que um encontro entre parlamentares. É um exemplo de como a política pode e deve ser feita: com seriedade, diálogo e, acima de tudo, com o compromisso inegociável com o bem comum. Que exemplos como esse inspirem outros, e que a população saiba reconhecer e valorizar aqueles que escolhem servir com dignidade.