Política e Resenha

ARTIGO – Viadutos: o clamor de uma cidade esquecida

 

(Padre Carlos)

A imagem é clara e cotidiana para quem vive em Vitória da Conquista: veículos pesados cortando a cidade em velocidade, pedestres tentando atravessar a BR-116 como quem arrisca a própria vida num campo de batalha. Não é de hoje que esse cenário denuncia o abandono de uma das regiões mais importantes do interior baiano por parte do Governo Federal quando o assunto é mobilidade e segurança viária.

Nesta semana, uma comitiva da Câmara de Vereadores, liderada pelo presidente Ivan Cordeiro (PL), desembarcou em Brasília com um único clamor: urgência. Não mais promessas, não mais estudos técnicos ou reuniões sem desfecho. O que se quer – e o que se exige – é a construção imediata de viadutos e passarelas no trecho urbano da BR-116 que rasga a cidade como uma ferida aberta.

A comitiva, que conta com o apoio de deputados federais da bancada baiana, tem como principal pauta a destinação de uma emenda de bancada para viabilizar essas obras. E por que isso é urgente? Porque estamos falando de vidas. De cidadãos que morrem tentando atravessar a rodovia. De um fluxo intenso que transforma a travessia em roleta-russa diária. De um crescimento urbano desordenado que não foi acompanhado pelas necessárias intervenções de mobilidade.

Não é apenas uma questão de infraestrutura. É uma questão de dignidade. De respeito ao povo de Vitória da Conquista. A ausência de viadutos e passarelas não é um detalhe urbanístico – é um retrato do descaso. É o reflexo de um Estado que vira as costas para a vida fora dos grandes centros.

O gesto dos vereadores precisa ser visto como ato político legítimo e necessário. Ao se deslocarem até Brasília, pressionam, cobram e assumem o papel de verdadeiros representantes da comunidade. É preciso sair dos gabinetes e  ir ao coração da máquina federal e bater à porta exigindo o que nos é de direito.

Mais do que nunca, é preciso que a população esteja atenta e mobilizada. Que faça ecoar esse grito por segurança viária, por mobilidade urbana e por justiça. Viadutos não são luxo. Passarelas não são favor. São ferramentas de preservação da vida. São instrumentos que gritam, em concreto armado, que essa cidade importa. Que o povo conquistense não será mais invisível na paisagem da BR-116.

É hora de deixar os discursos e partir para as máquinas. Que Brasília ouça Vitória da Conquista. E que responda com ação.