A Bahia enfrenta uma escalada de violência que se tornou uma das questões mais preocupantes do estado, especialmente após duas décadas de gestão sob o comando do Partido dos Trabalhadores (PT). Os índices de criminalidade subiram ao longo dos últimos anos, enquanto governantes e autoridades de segurança pública têm buscado, sem grande sucesso, reduzir as estatísticas alarmantes. Em um encontro recente com o presidente Lula e outros governadores, o governador Jerônimo Rodrigues reconheceu o desafio, resumindo a situação de maneira contundente: “Parece que estamos enxugando gelo.”
Um Panorama dos Números: Vinte Anos de Gestão do PT e o Crescimento da Violência
Ao longo dessas duas décadas de administração petista, os índices de violência subiram de forma preocupante. Em 2004, o índice de homicídios na Bahia era de aproximadamente 22 por 100 mil habitantes, considerado alto, mas ainda administrável. No entanto, em 2023, esse número ultrapassou os 45 homicídios por 100 mil habitantes, colocando a Bahia entre os estados mais violentos do Brasil.
Este aumento reflete também a expansão do tráfico de drogas e o fortalecimento de facções criminosas em áreas antes menos afetadas. A crescente urbanização e a falta de oportunidades têm contribuído para que muitos jovens sejam atraídos pelo crime, enquanto a segurança pública aparenta estar despreparada para enfrentar esses novos desafios.
Análise Gráfica do Aumento da Violência
Abaixo, um gráfico ajuda a visualizar essa ascensão, simplificando os dados para uma fácil interpretação dos leitores:
- 2004 – 22 homicídios por 100 mil habitantes
- 2009 – 28 homicídios por 100 mil habitantes
- 2014 – 35 homicídios por 100 mil habitantes
- 2019 – 40 homicídios por 100 mil habitantes
- 2023 – 45 homicídios por 100 mil habitantes
Esses dados mostram um crescimento constante, uma curva que continua a subir mesmo com as tentativas de redução de violência, refletindo os desafios que a Bahia enfrenta em termos de segurança pública.
“A Polícia como Última Instância”: O Apelo de Jerônimo Rodrigues
Em seu discurso, o governador Jerônimo Rodrigues defendeu que a Segurança Pública deveria ser tratada como um tema de cooperação federal, assim como a Educação e a Cultura. Em vez de uma abordagem centrada na repressão policial, ele sugere que a força policial seja “a última instância,” abordando primeiro as raízes sociais e econômicas da criminalidade. É uma postura interessante, mas que coloca desafios práticos diante da situação caótica atual.
A crítica de que a segurança não pode se limitar ao uso da polícia é válida e relevante, especialmente em um estado com tantas desigualdades sociais. No entanto, o grande dilema que se apresenta é: até onde essas mudanças estruturais podem ser efetivas sem políticas complementares de policiamento ostensivo e investigação de alta qualidade? Na prática, a Bahia parece ser um exemplo claro da complexidade de “enxugar gelo” na Segurança Pública, onde a ação policial resolve o efeito imediato, mas não combate a raiz do problema.
A Urgência de Soluções Concretas e Integradas
Se a frase “enxugar gelo” tornou-se emblemática, é porque há a sensação de que as políticas públicas não têm sido capazes de quebrar o ciclo da violência, restando apenas medidas paliativas. Para mudar essa realidade, será necessário que tanto o governo estadual quanto o federal adotem políticas inovadoras e pragmáticas, baseadas não apenas na repressão, mas também no combate às causas estruturais da violência.
Enquanto não se alcançam mudanças efetivas, a população continua a sofrer com a criminalidade. Essa é uma responsabilidade que transcende partidos e ideologias, e que precisa de uma solução urgente, integrando policiamento eficiente e políticas de inclusão social duradouras.