Política e Resenha

ARTIGO – Violência na Bahia: Palavras Não Bastam, Governador Jerônimo (Padre Carlos)

 

 

 

 

No mais recente pronunciamento, o governador Jerônimo Rodrigues reafirmou seu compromisso com o combate à violência na Bahia. Falou da atuação das polícias, da guerra ao tráfico e do crime organizado, e da integração com o governo federal. No entanto, essas palavras, que em outros tempos poderiam soar como alento, não conseguem mais mascarar a realidade brutal enfrentada pelos baianos. O problema da violência no estado se arrasta por duas décadas, e os números contam uma história de descaso e fracasso.

A Bahia, que em tempos mais tranquilos registrava 16 homicídios por 100 mil habitantes, agora vê essa cifra triplicar, numa escalada que parece incontrolável. Esse cenário lembra um campo de guerra, onde facções criminosas dominam bairros inteiros, enquanto as polícias, apesar de seus esforços, parecem sempre um passo atrás. As palavras do governador são sempre as mesmas: mais investimentos, mais inteligência, mais tecnologia. Mas será isso suficiente?

O problema aqui é mais profundo que os discursos inflamados. A violência na Bahia cresceu sob gestões que tiveram tempo e poder para agir, mas não o fizeram. Os cidadãos baianos estão fartos de viver com medo, enquanto esperam que, algum dia, suas ruas e comunidades sejam devolvidas à paz. A realidade é que as facções criminosas e o tráfico de drogas encontraram terreno fértil para prosperar em um estado que, a cada ano, lidera as estatísticas de violência no Brasil.

Quando Jerônimo Rodrigues sugere que as críticas à segurança pública são apenas discurso de opositores políticos, ele desvia o foco do verdadeiro problema: a ineficiência e o descompasso das políticas de segurança implementadas até agora. Os números não mentem, e eles não são resultado de críticas oportunistas. São a expressão de uma tragédia que se desenrola diante de nossos olhos.

A Bahia se tornou um epicentro da violência, e a cada dia que passa a sensação de impotência cresce. Será que o estado está a caminho de uma intervenção federal, como a que ocorreu no Rio de Janeiro em 2018? A resposta deveria ser “não”, mas, ao observar o curso dos acontecimentos, essa possibilidade não parece mais tão distante. A violência descontrolada exige medidas igualmente contundentes, e a população quer mais do que palavras: quer resultados.

Os baianos estão cansados de discursos. Esperam um plano sério de segurança, que restabeleça a confiança nas instituições, combata as facções com firmeza e devolva a paz às famílias. O tempo para promessas e bravatas já passou, governador. A Bahia precisa de liderança verdadeira, de ações corajosas e de uma visão clara de como vencer a guerra contra o crime. Mais do que nunca, o povo baiano merece mais do que palavras ao vento.