(Padre Carlos)
Durante o vibrante Carnaval de Salvador em 2025, a presença de Preta Gil não se fez apenas sentir nos tambores e serpentinas, mas também em palavras que reverberam como um hino à resiliência. Ao declarar que “dá para morrer vivendo”, ela lança um convite provocativo: é preciso transcender a rotina que muitas vezes nos afasta do real pulsar da vida. Esta afirmação serve como um espelho, refletindo a dualidade de uma existência em que, mesmo com o corpo presente, o espírito pode se entregar à apatia.
A partir dessa perspectiva, a metáfora ganha contornos profundos. Morrer vivendo não se refere apenas ao esgotamento físico, mas à morte interna que ocorre quando nos resignamos diante dos desafios da saúde e das limitações impostas pelo tempo. Em um mundo onde a fragilidade humana é constantemente exposta, a coragem de encarar a própria vulnerabilidade se torna um ato revolucionário. A mensagem de Preta Gil, repleta de força e autenticidade, estimula cada indivíduo a buscar não somente a sobrevivência, mas uma existência vibrante e significativa.
A crítica subjacente é clara: não basta existir, é imperativo viver com propósito, com intensidade e com a liberdade de reinventar a cada amanhecer. Essa abordagem transforma a adversidade em combustível para a transformação pessoal, transformando os momentos de dificuldade em oportunidades de renascimento. Ao celebrar o Carnaval – uma festividade que, por si só, é um tributo à diversidade e à superação – a cantora nos lembra que, mesmo quando o corpo é castigado pelos infortúnios, o espírito pode se elevar através do amor, da criatividade e da fé.
Portanto, o desafio que se impõe é duplo: evitar que a rotina se torne um cárcere e buscar, incessantemente, a chama que faz vibrar a alma. Viver sem medo é reconhecer que cada instante traz consigo a possibilidade de uma nova chance e que, mesmo em meio às adversidades, a vontade de viver intensamente pode transformar até os dias mais cinzentos em um espetáculo de luz e cor. Dessa forma, a declaração de Preta Gil ecoa como um chamado para a ação – um lembrete de que a verdadeira vida se constrói na coragem de sentir, de lutar e de, finalmente, transcender a própria existência.