O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer aproveitar a reforma ministerial que pretende fazer no início de 2024 para dar um freio de arrumação no governo. Agora, até mesmo aliados do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, admitem que ele está na lista dos que devem deixar a Esplanada.
A ideia de Lula é dispensar nomes considerados problemáticos e que não se mostraram eficazes no comando de determinadas pastas. Além disso, o presidente terá de nomear um novo titular da Justiça, se Flávio Dino for aprovado pelo Senado para assumir a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em março, para não bater de frente com o Centrão, o presidente concordou em manter Juscelino, apesar das várias acusações de mau uso do dinheiro público que já pesavam contra ele.
Em conversas reservadas, no entanto, amigos de Juscelino admitem, hoje em dia, que a situação política dele no governo está complicada, com o PT pedindo sua cabeça.
O nome mais cotado para substituir Juscelino, atualmente, é o do deputado federal Paulo Azi (União Brasil). Amigo do líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento, e do secretário-geral do partido, ACM Neto, Azi chegou a ser sondado para comandar Comunicações, ainda na transição do governo, mas as negociações não foram adiante.
Preterido para entrar na equipe de Lula, Elmar indicou, então, Juscelino, que também conta com o apoio do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), expoente do Centrão.
Na prática, a saída de nomes que causam problemas ao governo, na esteira de uma reforma ministerial, é uma forma que já foi usada por Lula em outras gestões para não expor aliados em maus lençóis.
Na semana passada, o Estadão mostrou que Juscelino concedeu 31 retransmissoras de TV para um mesmo empresário de sua base política no Maranhão. Nenhuma outra emissora no País teve tantos pedidos do mesmo tipo atendidos neste ano.
O ministro disse ter agido com base em “critérios técnicos” e negou ter beneficiado aliados. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) apresentou na sexta-feira, 1.º, requerimento de informação à Câmara, cobrando explicações de Juscelino.