A notícia de que as mortes violentas na Bahia apresentaram uma redução de 13% no primeiro semestre de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior, pode soar como um alívio bem-vindo em um estado frequentemente marcado pela violência. Apresentados com pompa pelas Forças da Segurança Pública na manhã desta quarta-feira (17), no Centro de Operações e Inteligência (COI) em Salvador, esses dados têm gerado tanto otimismo quanto ceticismo.
A queda de 2.534 para 2.208 mortes violentas representa 326 vidas preservadas. Segundo o secretário da Segurança Pública do Estado, Marcelo Werner, a redução de 6% nas mortes violentas em 2023, seguida de uma queda ainda mais significativa neste semestre, reflete o trabalho árduo das forças policiais. Em especial, os meses de maio e junho tiveram os menores índices de mortes violentas dos últimos 12 anos, com 347 e 282 casos, respectivamente.
No entanto, é preciso perguntar: esses números realmente refletem uma melhoria substancial na segurança pública, ou são eles um reflexo de estratégias de propaganda bem elaboradas? As estatísticas de crimes contra o patrimônio, com reduções notáveis em roubos a bancos, furtos e roubos de veículos, além de prisões e apreensões de armas e drogas, são impressionantes. Mas, como muitas vezes ocorre em políticas públicas, o diabo está nos detalhes.
A integração das Forças da Segurança, as ações de inteligência e os investimentos contínuos são, sem dúvida, aspectos cruciais para a manutenção da ordem. Mas é fundamental examinar a sustentabilidade dessas medidas. Estão as forças policiais realmente recebendo os recursos e treinamentos necessários para manter e até melhorar esses números? E, talvez mais importante, estão as causas subjacentes da violência sendo abordadas, como a desigualdade social, a falta de oportunidades e o acesso precário à educação e saúde?
Há também o fator da percepção pública. Enquanto a redução nas estatísticas é celebrada pelos líderes da segurança, a sensação de segurança entre a população pode não acompanhar esses números. Muitas vezes, a confiança nas autoridades e na polícia é abalada por episódios de violência ou corrupção, que podem não aparecer nas estatísticas apresentadas, mas impactam diretamente a vida cotidiana dos cidadãos.
Portanto, enquanto os dados apresentados pelas Forças da Segurança Pública da Bahia oferecem um raio de esperança, é necessário um olhar crítico e contínuo sobre como esses números são obtidos e o que eles realmente significam para a sociedade. Reduzir a violência é um objetivo nobre, mas requer uma abordagem holística e de longo prazo, além de transparência e responsabilidade constantes.
Em resumo, celebrar a redução de mortes violentas na Bahia é válido, mas a verdadeira vitória será alcançada quando essa tendência se consolidar e se refletir em uma melhoria perceptível na qualidade de vida de todos os baianos. Até lá, é essencial manter um olhar atento e crítico sobre as ações e promessas das autoridades.