Política e Resenha

Bruno Reis e Sua Vitória Imbatível: Um Passeio no Parque Eleitoral

 

 

 

 

Se Salvador fosse um grande palco, estaríamos assistindo a uma peça de teatro onde o final já está decidido desde o primeiro ato. E não, não se trata de uma trama de suspense ou de reviravoltas emocionantes. Com 84,4% dos votos válidos, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) está mais perto de uma reeleição no primeiro turno do que de uma fila de supermercado. Sim, você leu certo. Se dependesse das pesquisas, a campanha eleitoral dele poderia ser comparada a um passeio de domingo no Dique do Tororó – sem pressa, sem sustos, e com direito a uma água de coco no final.

A pesquisa P&A divulgada nesta sexta-feira (13) pelo Política Livre traz números que, convenhamos, fariam qualquer candidato adversário repensar suas escolhas de vida. Geraldo Júnior (MDB), por exemplo, aparece com uns humildes 8% das intenções de voto – ou 9,8% dos votos válidos. Dá até para sentir uma certa nostalgia de quando ele era o presidente da Câmara Municipal e seus sonhos políticos eram bem mais altos. A esta altura, é provável que até ele esteja pensando em assistir ao próximo comício de Bruno Reis do conforto de casa, quem sabe comendo uma pipoca.

E não podemos esquecer Kleber Rosa (Psol), que conseguiu 3,2% das intenções, o que, com um pouco de sorte, talvez cubra o número de amigos e familiares que declararam apoio nas redes sociais. O problema é que, mesmo com esses fiéis escudeiros, ele ainda está mais para espectador do que para ator protagonista nesse teatro eleitoral.

Agora, se o seu palpite é que o cenário poderia ficar mais emocionante, segura essa: Victor Martinho (PSTU) e Eslane Paixão (UP) se encontram numa corrida lado a lado com percentuais de 0,6% e 0,5%, respectivamente. Números que não são nem suficientes para lotar um quiosque de acarajé em dia de jogo no Barradão. A única coisa que falta para completar o enredo é alguém perguntar se eles já consideraram pedir voto nas assembleias de condomínio, onde o quorum costuma ser mais modesto, mas, pelo menos, eles têm uma chance.

Agora, a pergunta que não quer calar – e que, a esta altura, todos estão se fazendo: será que Geraldo Júnior vai conseguir menos votos que a Major Denice Santiago (PT) nas últimas eleições? Se depender dessa pesquisa, a resposta pode não ser tão favorável. Para quem não lembra, a Major Denice fez história nas eleições passadas… mas não exatamente da forma que gostaria, com uma votação mais discreta do que o esperado para uma candidatura tão badalada. Será que Geraldo seguirá o mesmo caminho? Ou ele já está ensaiando o discurso para reconhecer a derrota com dignidade? A conferir.

Seja como for, a política de Salvador tem dessas surpresas previsíveis. O que Bruno Reis vem fazendo é tão dominante que dá até vontade de sugerir que ele comece a distribuir folhetos de “Como vencer uma eleição sem suar a camisa”. Não só pela eficiência de sua campanha, mas também pela quase ausência de oposição competitiva. Afinal, quando a maior dúvida que resta é se seu adversário vai perder para ele ou para si mesmo, já sabemos que a partida, de fato, acabou antes mesmo de começar.

E assim segue Salvador, caminhando para o inevitável primeiro turno com uma eleição que tem menos suspense que novela das seis. Bruno Reis, pelo visto, já pode começar a preparar o discurso de vitória. E nós? Bem, podemos esperar mais quatro anos de uma gestão que, ao que tudo indica, os soteropolitanos estão mais do que dispostos a renovar – com ou sem concorrência relevante.

Agora, fica a pergunta: será que os outros candidatos já compraram suas cadeiras para assistir à posse? Porque, do jeito que as coisas andam, eles podem se dar ao luxo de se preparar para essa festa com bastante antecedência. Afinal, como dizem por aí, perder também é uma forma de arte.