A partir de 2025, a Câmara de Vitória da Conquista passará por mudanças significativas, não apenas pelo aumento de sua composição para 23 vereadores, mas também pela expressiva renovação, com oito novos nomes ocupando cadeiras no Legislativo. Essa renovação é reflexo de um eleitorado cada vez mais atento e disposto a apostar em figuras que tragam um frescor à política local. No entanto, o cenário não é apenas de celebração; há também incertezas que pairam sobre o destino de alguns eleitos.
Entre os estreantes, destacam-se Diogo Azevedo (União), que alcançou a maior votação da história do município; Natan da Carroceria (Avante), que finalmente foi eleito após quatro tentativas; e Léia de Quinho (PSD), que migrou de Belo Campo e conquistou expressivo apoio na zona rural de Vitória da Conquista. Esses nomes simbolizam trajetórias distintas: da consagração eleitoral ao reconhecimento tardio, passando por estratégias regionais bem articuladas.
No entanto, o entusiasmo com a renovação contrasta com os desafios judiciais que ameaçam três dos eleitos: Léia de Quinho, Natan da Carroceria e Edivaldo Ferreira Júnior (PSDB). Cada caso apresenta peculiaridades que podem alterar o cenário político antes mesmo da posse.
O Caso Natan: Quando o Sistema de Cotas Está Sob Suspeita
A acusação que recai sobre Natan da Carroceria é séria e atinge um ponto sensível da legislação eleitoral: a cota de gênero. Uma candidata de seu partido, o Avante, obteve apenas um voto, o que levantou suspeitas de irregularidades e da possibilidade de candidatura fictícia para preencher o mínimo exigido. O Ministério Público Eleitoral e a Justiça têm sido rigorosos em casos semelhantes, pois a subversão dessa regra prejudica a representatividade feminina na política, já historicamente limitada. Caso a acusação se confirme, sua diplomação pode ser anulada, abrindo espaço para reviravoltas.
Léia de Quinho e a Zona Rural: Uma Campanha Bem-Sucedida, Mas Contestada
Léia de Quinho chegou à Câmara com uma votação expressiva, consolidando sua base eleitoral na zona rural, em especial nas regiões de Inhobim e Bate-Pé. Contudo, sua trajetória está sob análise judicial. Até que os processos sejam concluídos, sua permanência na Câmara é incerta. O resultado desse embate jurídico definirá não apenas o futuro de Léia, mas também a representatividade das áreas rurais no Legislativo conquistense.
Edivaldo Ferreira Júnior: Mais um Nome em Xeque
Ainda sem detalhes amplamente divulgados, o caso de Edivaldo Ferreira Júnior também está na pauta da Justiça. O caso de Edvaldo é o que apresenta menor gravidade, apesar de o PP questionar a distribuição das sobras eleitorais. Dois pontos merecem destaque: primeiro, o PP parece ter ignorado que, para disputar as sobras, o segundo colocado do partido precisa alcançar pelo menos 20% do coeficiente eleitoral. Segundo, a distribuição de sobras foi realizada pelo sistema do TSE. Portanto, se houvesse algum erro nesse cálculo, ele não seria específico de Vitória da Conquista, mas de todo o estado da Bahia.
O Que Está em Jogo?
A renovação da Câmara de Vitória da Conquista é, sem dúvida, um sinal positivo da vitalidade democrática da cidade. Contudo, as incertezas jurídicas ofuscam parte dessa conquista e ressaltam a necessidade de uma reforma política que garanta mais transparência, inclusão e rigor na aplicação das regras eleitorais.
A ampliação do número de vereadores e a entrada de novos rostos devem ser acompanhadas de perto pela população, não apenas para cobrar ética e eficiência no mandato, mas também para exigir que os resultados das urnas sejam respeitados dentro dos limites da legalidade.
Se os casos judiciais não forem resolvidos antes da posse, o novo ciclo legislativo começará com a sombra da instabilidade, comprometendo o ritmo de trabalho da Casa e prejudicando o atendimento das demandas do município. Em momentos como este, cabe aos eleitores e à sociedade civil se manterem vigilantes e engajados, reforçando o papel da política como instrumento de transformação social.
A Câmara terá mais cadeiras, mais vozes e, espera-se, mais compromissos com Vitória da Conquista. No entanto, os passos iniciais desse novo capítulo já trazem lições importantes sobre a complexidade de se fazer política no Brasil. Que a renovação se traduza, de fato, em avanços concretos para a cidade e seus cidadãos.