A população do distrito de Bate-Pé, em Vitória da Conquista, enfrenta uma crise sem precedentes: há três meses, as torneiras estão secas, e a única alternativa tem sido a distribuição emergencial de água feita pela Prefeitura. O problema teve início com as obras na estrada que liga Pradoso a Bate-Pé, realizadas pelo Governo Estadual, e desde então, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) não restabeleceu o abastecimento.
Enquanto a Embasa mantém silêncio sobre a situação, famílias inteiras sofrem com a falta de um recurso essencial para a sobrevivência. No povoado de São Joaquim, uma das localidades mais atingidas, cerca de 38 famílias recorreram ao Posto Avançado de Atendimento ao Cidadão (PAAC/Subprefeitura de Bate-Pé) pedindo socorro. A resposta veio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural (SMDR), que destinou um carro-pipa para minimizar os impactos da crise. Mesmo assim, a distribuição emergencial não supre a demanda de toda a população.
“ESTAMOS PASSANDO MUITA NECESSIDADE”
Moradores relatam que a situação já era preocupante antes mesmo das obras, mas com o rompimento de canos e a retirada de registros, o abastecimento simplesmente deixou de existir. “Antes, faltava água a cada cinco dias. Agora, não temos mais nada. Tiraram registros, quebraram os canos e nos deixaram sem água. Estamos passando muita necessidade”, desabafou Neuza Oliveira, residente de Bate-Pé.
O mais revoltante, segundo os moradores, é que as contas de água continuam chegando. “Pago minhas contas em dia, mas a Embasa não cumpre a obrigação dela”, denunciou Neuza, exibindo os boletos quitados.
Para Rosânia Pereira, que cuida de idosos e de um recém-nascido, a situação é desesperadora. “Estamos há três meses sem água. Como cuidar de um bebê sem água para o banho, para a comida? O carro-pipa ajuda, mas não é suficiente. Precisamos que a Embasa resolva isso imediatamente”, cobrou a moradora.
PREFEITURA AGE PARA CONTORNAR O PROBLEMA
Diante da calamidade, a Prefeitura de Vitória da Conquista decidiu intervir. O coordenador do PAAC/Subprefeitura de Bate-Pé, Augusto Cardoso, afirmou que a gestão municipal agiu prontamente após os inúmeros apelos da comunidade. “Sensibilizados pelo clamor dessas pessoas, conversamos com a prefeita Sheila Lemos e com o secretário de Desenvolvimento Rural, Breno Faria, que prontamente disponibilizaram um carro-pipa”, destacou.
Apesar do esforço da administração municipal, a responsabilidade principal continua sendo da Embasa, que, segundo Cardoso, tem a obrigação de fornecer, no mínimo, 6 metros cúbicos de água por mês a cada usuário. “Eles cobram, mas não entregam. A comunidade tem o direito de exigir o serviço que paga”, frisou.
ATÉ QUANDO A EMBASA VAI IGNORAR O SOFRIMENTO DA POPULAÇÃO?
O silêncio da Embasa e a demora em restabelecer o serviço geram indignação. Moradores temem que a situação se prolongue ainda mais, enquanto enfrentam temperaturas elevadas e dificuldades extremas para realizar tarefas básicas do dia a dia.
A crise hídrica em Bate-Pé expõe a fragilidade do sistema de abastecimento e levanta questionamentos sobre a atuação da Embasa em Vitória da Conquista. A população exige respostas e, mais do que isso, soluções imediatas. Afinal, até quando centenas de famílias continuarão reféns da falta d’água e do descaso?