Em nossa caminhada, todos nós passamos por fases que nos moldam, ensinam e transformam. Hoje, enquanto refletia sobre minha própria trajetória, revivi momentos importantes da minha infância na Pituba, aquele bairro que carrega tantas memórias de inocência e descobertas. Lembrei também da juventude no Nordeste de Amaralina, mais precisamente no Areal, onde os desafios começaram a se apresentar com mais intensidade. Ali, surgiram as primeiras lições sobre a dureza da vida, mas também sobre a importância de se manter firme, independente das dificuldades.
Mais tarde, minha jornada me levou ao seminário de filosofia, onde hoje se encontra a FTC. Aquela fase foi crucial para a formação do meu caráter e das minhas convicções. O estudo da filosofia nos força a questionar, a olhar o mundo por diferentes prismas e a encontrar sentido nas experiências. Foi lá que compreendi o valor da reflexão, o poder de enxergar além da superfície e de perceber que, muitas vezes, o que parece uma barreira intransponível é, na verdade, uma oportunidade disfarçada de desafio.
Em seguida, parti para o seminário de teologia em Belo Horizonte. Se o estudo da filosofia me ensinou a questionar o mundo, a teologia me ensinou a buscar respostas para o transcendente, a olhar para além do palpável e entender que há sempre um propósito maior por trás de cada fase da vida. E foi nesse momento que mergulhei de cabeça no ministério sacerdotal, acreditando que esse era o caminho definitivo da minha vida.
No entanto, como a vida é uma série de ciclos, veio uma nova fase, inesperada, mas profundamente transformadora: meu encontro com a mulher que viria a ser minha esposa e, junto com ela, a formação de nossa família. O nascimento das minhas duas filhas, Maria Clara e Maria Luiza, trouxe um novo sentido à minha existência. Elas são a expressão viva da continuidade dos ciclos, a prova de que a vida sempre encontra uma forma de nos surpreender com novas missões e novas responsabilidades.
Ao longo dessa jornada, aprendi que, muitas vezes, as dificuldades que enfrentamos são as ferramentas mais poderosas de aprendizado e crescimento. É quando a vida parece mais difícil que somos chamados a olhar por outro ângulo, a perceber que, ao invés de nos derrubar, ela está nos moldando, tornando-nos mais fortes e resilientes. E a resiliência é uma das maiores virtudes que podemos cultivar. Não se trata de resistir à dor ou ao sofrimento, mas de aprender com eles, de reconhecer que cada fase difícil é uma oportunidade de se reerguer mais forte, mais sábio e mais preparado para os desafios que estão por vir.
Refletir sobre a vida não é um processo de autojulgamento, mas uma oportunidade de autoconhecimento. Ao revisitar os ciclos pelos quais passei, reconheço minhas falhas e fraquezas, mas também minhas forças e conquistas. Cada etapa da minha vida foi marcada por altos e baixos, por momentos de dúvida e de certeza, mas, acima de tudo, por um aprendizado constante. E acredito que essa é a maior lição que podemos tirar da nossa caminhada: a vida está em constante movimento, e cabe a nós aprender a fluir com ela, reconhecendo que cada ciclo nos prepara para sermos versões melhores de nós mesmos.
Então, se a vida hoje parece difícil, lembre-se de que talvez ela esteja apenas te ensinando a ser mais resiliente. Ao invés de lutar contra os desafios, abrace-os. Ao invés de evitar a dor, permita-se aprender com ela. E ao invés de temer o desconhecido, olhe-o como uma nova fase da sua jornada, repleta de ensinamentos que só o tempo revelará. Afinal, a vida é feita de ciclos, e cada um deles nos deixa mais próximos de quem realmente somos.