No início da semana, teremos a divulgação da pesquisa, encomendada pelo renomado Jornal A Tarde e registrada junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sua divulgação está prevista para o próximo domingo, 2 de setembro. Desta forma busquei facilitar a vida dos políticos com uma cartilha para eles se posicionarem e racionalizarem, só assim poderão justificar seus resultados. É interessante observar que os candidatos mal avaliados em pesquisas têm justificativas prontas, quase como mantras repetidos à exaustão.
É comum ouvirmos que a pesquisa é apenas “uma fotografia do momento”, refletindo o sentimento e a opinião dos eleitores em um instante específico. Aqueles que aparecem mal nas intenções de voto ou enfrentam altos índices de rejeição sabem bem o que dizer, mas dificilmente convencem. Frequentemente afirmam que as pesquisas não capturam o verdadeiro “sentimento das ruas”, como se os entrevistados fossem eleitores de outro planeta, e não daqui mesmo.
Muitos candidatos insistem que, ao andar pelas ruas, recebem demonstrações de carinho e apoio que contrariam os números das pesquisas. Aqueles que aparecem com um dígito nas intenções de voto gostam de lembrar que a verdadeira pesquisa é a das urnas e que o que importa é a opinião expressa pelo voto. E é verdade, claro. O que realmente conta é a quantidade de votos que o candidato conseguirá. Afinal, pesquisa eleitoral não elege ninguém.
É compreensível que os candidatos adotem esse tipo de discurso; afinal, se estão em campanha e não conseguem crescer nas pesquisas, há algo errado. Isso pode ser um sinal de estagnação, o pior cenário possível para uma candidatura.
No entanto, o problema surge quando, de tanto racionalizar, alguns candidatos começam a acreditar nas próprias justificativas. Alguns se rendem a teorias conspiratórias para justificar seu fraco desempenho, preferindo acreditar que seus adversários tramam contra eles, em vez de reconhecer seus próprios problemas internos. Não é raro encontrar aquele candidato que afirma que as pesquisas são falsas e que, contra todas as previsões, ele será eleito.
Outros preferem tratar os resultados desfavoráveis como uma armação dos institutos de pesquisa e da imprensa, alegando que o que realmente importa é a opinião “do povo nas ruas”. Para esses, o povo e as ruas se tornam entidades míticas, acima de qualquer questionamento. Falar sobre o povo recebendo um político nas ruas quase assume uma aura sobrenatural.
Curiosamente, esses candidatos nunca especificam onde exatamente foram tão bem recebidos. Não mencionam a rua ou o bairro onde a maioria dos moradores os apoiou. Os marqueteiros os ensinam a falar dessa forma, dominando a arte de dizer muito sem explicar nada.
Há, ainda, aqueles políticos que, de tanto repetir suas narrativas, começam a tratá-las como verdades absolutas. Tornam-se tão convincentes que, por vezes, quase acreditamos neles. Esses políticos parecem perder a noção do certo e do errado, construindo castelos de areia nos quais eles mesmos acabam acreditando.
Se você conhece um político assim, que se convenceu de suas próprias ilusões, é melhor não contrariá-lo. Afinal, ele não vai gostar. A solução? Simplesmente não vote mais nele.
Padre Carlos