Política e Resenha

Conselheiro do Papa Francisco defende que padres possam escolher se querem casar

 

 

O arcebispo Charles Scicluna de Malta, conselheiro do Papa Francisco, recentemente levantou uma questão delicada que ressoa no coração da Igreja Católica: a possibilidade de permitir que os padres se casem. Essa proposta, embora herética para alguns, merece uma reflexão ponderada.

Scicluna destaca que, historicamente, a prática do celibato clerical não era tão rígida quanto é hoje. No primeiro milênio, os padres tinham a opção de se casar, e o rito oriental da Igreja Católica ainda permite o casamento. Essa flexibilidade histórica nos leva a questionar se a rigidez do celibato é realmente uma doutrina intocável ou uma disciplina sujeita a evolução.

O Papa Francisco, em 2019, descartou mudanças na regra do celibato, mas sinalizou, em 2023, que essa norma não é eterna, podendo ser revista. Scicluna, conhecido por suas investigações de abusos na Igreja, ressalta que muitos padres foram perdidos devido à escolha do casamento. Essa perda de vocações é um argumento crucial que merece atenção.

O debate sobre o celibato clerical persiste há séculos. Aqueles que defendem a celibato argumentam que ele permite que os padres se dediquem integralmente à Igreja. No entanto, Scicluna destaca uma realidade inegável: a capacidade de um padre se apaixonar e a inevitabilidade de alguns padres se envolverem secretamente em relacionamentos.

Ao reavaliar a exigência de celibato, a Igreja Católica poderia mitigar a perda de vocações valiosas, permitindo que padres sirvam com dedicação tanto à sua fé quanto às relações humanas. A flexibilidade histórica e a prática em outras tradições cristãs mostram que o casamento não é incompatível com o sacerdócio.

O posicionamento de Scicluna desafia as tradições, mas também destaca a necessidade de uma reflexão sincera sobre a evolução das práticas eclesiásticas. A Igreja, ao considerar seriamente essa proposta, poderia fortalecer sua relação com os fiéis e adaptar-se aos desafios contemporâneos.

Em última análise, a discussão sobre o celibato clerical não deve ser temida, mas encarada como uma oportunidade para a Igreja Católica reavaliar suas práticas à luz da compreensão humana e das exigências pastorais dos tempos atuais.