Política e Resenha

Corte condena Brasil por morte de membro do MST no PR e ação da PM em SP: Justiça Tardia, Mas Não Tardia Demais

A espera pela justiça pode ser longa e tortuosa, mas quando ela chega, traz consigo o peso da responsabilidade e a busca por reparação. Nesta semana, o Brasil foi confrontado com dois episódios sombrios de seu passado recente, com a Corte Interamericana de Direitos Humanos proferindo sentenças contundentes sobre a morte de um membro do MST no Paraná e a sangrenta ação da PM de São Paulo na chamada Operação Castelinho.

O caso do membro do MST, Antonio Tavares Pereira, ecoa como um triste lembrete das lutas pela terra no país. Sua morte, ocorrida há 24 anos, durante um protesto pela reforma agrária, demonstra a violência que historicamente assola aqueles que ousam desafiar as estruturas de poder estabelecidas. A condenação do Brasil, além de uma indenização significativa, exige um ato público de reconhecimento das violações cometidas, ressaltando a importância de preservar a memória daqueles que lutaram por uma causa maior.

Já a Operação Castelinho lança luz sobre os abusos de poder e a impunidade que permeiam nosso sistema de segurança. A execução extrajudicial de 12 pessoas, sob o pretexto de combater o crime organizado, revela uma trágica realidade onde o Estado se torna o próprio agente da injustiça. A decisão da Corte Interamericana, além das indenizações devidas, destaca as graves falhas e omissões na investigação do caso, evidenciando a necessidade urgente de reformas estruturais em nossas instituições de segurança.

É crucial que o Brasil não apenas pague as indenizações determinadas pela Corte, mas também assuma sua responsabilidade em garantir que tais atrocidades não se repitam. O respeito aos direitos humanos e à dignidade de cada indivíduo deve estar acima de interesses políticos ou corporativos. Somente assim poderemos construir uma sociedade verdadeiramente justa e inclusiva para todos os brasileiros.

Que estas sentenças sirvam como um lembrete contundente de que a justiça pode ser tardia, mas não pode ser negada. É hora de enfrentarmos nosso passado com coragem e determinação, buscando sempre a verdade e a reparação para as vítimas de violações dos direitos humanos.

Maria Clara, articulista do política e resenha