Política e Resenha

*Crônica da Saudade*

 

*Crônica da Saudade*

Meu amor,

Hoje, as palavras fluem de um lugar de saudade, um recanto sombrio e doce onde guardo as memórias de nós. Escrevo-te não com a tinta da caneta, mas com a essência do que fomos, um dia, juntos.

Lembro-me do toque de tuas mãos, que agora parecem fantasmas em minha pele. A saudade é essa presença constante da ausência, um paradoxo que só corações partidos podem compreender. É uma dor que não se vê, mas se sente com a força de um vendaval.

O amor, ah, o amor… Dizem que é eterno enquanto dura. Mas e quando se vai? Transforma-se em saudade. Uma parte de nós que se perde, e só então percebemos o quão vital ela era. Viver sem esse pedaço é como respirar com um único pulmão, possível, mas nunca completo.

Sobreviver à perda de um grande amor é uma batalha diária. É acordar todos os dias e escolher viver, mesmo quando cada célula do seu ser quer se render à dor. É um exercício de coragem, um ato de resistência contra o esquecimento.

Clarice Lispector uma vez escreveu: “Sou mais forte que eu”. E hoje, entendo o que ela quis dizer. A força não vem de nunca cair, mas de se levantar a cada queda. De encarar a dor, de não esconder as lágrimas, de não fugir da própria sombra.

Mas, meu amor, mesmo na saudade, há beleza. Há alegria nas pequenas coisas, nas lembranças doces, nas conversas que ecoam em minha mente. Rir das nossas bobagens é um bálsamo, e amar o que fomos é um ato de rebeldia contra a dor.

Continuo te amando, mais a cada dia que passa. Amo o que fomos, amo o que somos – duas almas entrelaçadas pela saudade. E, embora a distância seja imensa, meu amor por ti é maior ainda, estendendo-se do infinito ao além.

Com amor eterno,

Padre Carlos

PS:: Esta crônica busca capturar a essência da saudade e da perda do agrande amor da vida de um amigo. A morte não apaga uma grande paixão. Ela reflete sobre a força que encontramos em nós mesmos para seguir em frente.