Os dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) nesta segunda-feira, 01/08, sobre a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA) escancaram uma dura realidade: o aumento contínuo dos preços dos alimentos essenciais torna ainda mais difícil a sobrevivência de milhões de brasileiros. Em 2024, as 17 capitais pesquisadas apontaram aumento alto no valor da cesta básica, sendo que em algumas cidades esse superou os 10%.
AUMENTOS QUE PESAM NO BOLSO
Em um ano de inflação alta e evolução estagnada, João Pessoa liderou o ranking das maiores variações com 11,91%, seguida de Natal (11,02%), São Paulo (10,55%) e Campo Grande (10,41% ). Mesmo Porto Alegre, que registrou a menor alta (2,24%), apresentou um custo significativo, mostrando que a escalada de preços não poupou nenhuma região do país.
Produtos como carne bovina, leite, arroz, óleo de soja e café, itens indispensáveis na mesa do trabalhador, tiveram alta disseminação, reforçando o impacto negativo sobre o poder de compra das famílias. Enquanto isso, produtos como batata, feijão e tomate foram pontuais de preço, insuficientes para equilibrar o orçamento doméstico.
SALÁRIO MÍNIMO: UM ABISMO ENTRE O REAL E O NECESSÁRIO
Uma análise do DIEESE revela que o salário mínimo ideal para cobrir as despesas básicas de uma família brasileira deveria ser de R$ 7.067,68 , mais de cinco vezes o valor atual de R$ 1.412,00 . O trabalhador que recebe o piso nacional precisou, em média, de 109 horas e 23 minutos de trabalho para adquirir a cesta básica em dezembro, comprometendo 53,75% de sua renda líquida apenas com a alimentação.
Esse dado é um alerta contundente: o salário mínimo vigente não garante nem o básico para a sobrevivência digna de uma família. Com quase metade da renda comprometida com alimentos, sobra muito pouco para outras necessidades, como moradia, saúde e educação.
DESIGUALDADE REGIONAL E PRESSÃO SOBRE OS MAIS POBRES
Embora cidades como Aracaju (R$ 554,08), Salvador (R$ 583,89) e Recife (R$ 588,35) tenham registrado os menores custos da cesta básica, essa diferença está relacionada à composição distinta dos produtos consumidos no Norte e Nordeste, que, em geral, são mais baratos. No entanto, essa aparente vantagem regional não significa um problema real, já que o salário médio nessas localidades também é consideravelmente inferior às regiões Sul e Sudeste.
Por outro lado, São Paulo, Florianópolis e Porto Alegre obtiveram os maiores valores absolutos da cesta básica, ultrapassando os R$ 780,00. Esses números refletem não apenas o alto custo da vida nas grandes cidades, mas também a ausência de políticas estratégicas para conter a inflação de itens essenciais.
UM FUTURO INCERTO: O QUE ESPERAR DE 2025?
O balanço de 2024 deixa clara a urgência de medidas que assegurem o direito básico à alimentação. O aumento do custo da cesta básica é um sintoma de desigualdade estrutural do país, que penaliza os trabalhadores com baixas tensões e reduz sua qualidade de vida.
Para 2025, será necessária a implementação de políticas públicas externas ao controle dos preços de alimentos, ao reajuste real do salário mínimo e à proteção do poder de compra da classe trabalhadora. Sem essas medidas, o Brasil continuará refém de uma economia que sacrifica os mais pobres enquanto privilegia uma pequena parcela da população.
O DIEESE já fez seu alerta: é hora de a sociedade cobrar soluções concretas para que a alimentação não seja uma luta diária, mas um direito garantido. Afinal, a cesta básica não pode ser o símbolo de uma desigualdade que insiste em nos acompanhar ano após ano.