“Deus é fiel!” — a frase ecoa por todos os cantos, estampada em para-choques, outdoors e adesivos, como um mantra repetido até a exaustão. Mas o que realmente significa essa afirmação em um mundo tão cheio de incertezas e traições?
Em tempos de crise, a busca por um alicerce para a alma nos leva a questionar a fidelidade divina. A promessa de que Deus está ao nosso lado, independente das circunstâncias, soa como um bálsamo para a alma. No entanto, em uma sociedade onde a fé é manipulada para fins políticos, é preciso analisar essa crença com mais profundidade.
A ideia de fidelidade divina parece contraditória em um mundo onde a traição se tornou regra. Políticos, amigos, colegas de trabalho — todos parecem ter abandonado a ética. A publicidade, um púlpito da mentira, nos vende ilusões empacotadas como felicidade. Nesse contexto, a “fidelidade divina” pode ser vista como uma projeção de nossos desejos, uma tentativa de compensar as decepções que nos cercam.
Mas, se Deus é fiel, fiel a quem? Aos que sofrem injustiças ou aos que as praticam? Às vítimas de guerras ou aos poderosos que as promovem? Aos oprimidos ou aos opressores? A história nos mostra que a “fidelidade divina” parece favorecer os ricos e poderosos, os que impõem a ordem pela força. A prosperidade parece estar mais presente entre os exploradores do que entre os explorados.
Talvez a fidelidade de Deus seja algo muito maior e complexo do que nossa compreensão limitada. Ele existe, mas seus propósitos transcendem nossa capacidade de entender. Em vez de depositar nossa esperança em sua fidelidade, talvez devêssemos olhar para nosso próprio compromisso com a verdade, a ética e a justiça. É hora de parar de esperar e começar a agir, de não nos conformarmos com o que nos é imposto por figuras de autoridade que se valem da religião para perpetuar seu poder.
O grande desafio é não buscar em Deus uma saída fácil para nossas angústias, mas sim a coragem de viver em um mundo complexo, cheio de perguntas difíceis e respostas que nem sempre encontramos. A busca pela verdade, pela justiça e pela ética, essa sim, é uma jornada que exige nossa participação ativa.