O preço do diesel sofreu mais um golpe em dezembro, com reajustes anunciados pela Acelen, empresa árabe que administra a Refinaria de Mataripe, na Bahia. O aumento, que surpreendeu caminhoneiros e consumidores, já começou a ser sentido em Vitória da Conquista. Nos postos de combustíveis, o litro do diesel subiu até R$ 0,35, ultrapassando a marca dos R$ 6 em alguns estabelecimentos.
A justificativa da Acelen para o reajuste é clara: a alta do barril de petróleo no mercado internacional, a valorização do dólar e o custo crescente do frete. Essas variáveis, segundo a empresa, tornam o aumento inevitável, mas o impacto é devastador.
Reação em cadeia no bolso dos brasileiros
O diesel não é apenas combustível para caminhões; é o motor da economia brasileira. Com mais de 60% das mercadorias transportadas por rodovias, cada aumento no preço reflete diretamente nos custos de frete e, consequentemente, no preço final de produtos essenciais, como alimentos e itens de primeira necessidade.
Para os caminhoneiros, que já enfrentam uma rotina exaustiva e apertada financeiramente, o reajuste foi um balde de água fria. “Estamos sendo esmagados por custos que não conseguimos repassar. No fim das contas, é a gente que paga a conta”, desabafou João Silva, caminhoneiro há 20 anos, em um posto da região.
Impacto local e nacional
Em Vitória da Conquista, a revolta é palpável. Consumidores reclamam da alta generalizada dos preços e donos de postos se defendem, alegando que apenas repassam os custos. “Não temos controle sobre o preço que nos é cobrado pelas distribuidoras. Também somos reféns dessa lógica de mercado”, explicou o gerente de um posto no centro da cidade.
O cenário é um alerta para o impacto sistêmico do modelo de precificação adotado pela Acelen. Ao alinhar seus valores ao mercado externo, a empresa ignora as peculiaridades da economia brasileira, onde o transporte rodoviário é vital.
Críticas e reflexões
Especialistas apontam que, enquanto não houver uma política de preços que leve em conta a realidade nacional, aumentos como este continuarão a comprometer o orçamento de famílias e negócios. O debate sobre o controle de preços nos combustíveis ganha força, levantando questionamentos sobre a privatização da Refinaria de Mataripe e o impacto disso no acesso a combustíveis a preços mais justos.
No curto prazo, porém, o que resta aos brasileiros é buscar alternativas para suportar mais um capítulo de alta no custo de vida. A pergunta que fica é: até onde vamos com o diesel a preço de ouro?