Nesta sexta-feira (28), Vitória da Conquista será palco de um evento que vai além do lançamento de empreendimentos imobiliários ou de um show sertanejo. O Dia Único VCA, organizado pela VCA Construtora, promete ser um símbolo de como empresas podem — e devem — unir crescimento econômico e compromisso social em um mesmo projeto. Enquanto celebra seus 20 anos de trajetória, a empresa não apenas anuncia novos horizontes comerciais, mas também abre espaço para uma pergunta incômoda: qual é, de fato, o papel do setor privado na transformação das comunidades onde atua?
Celebração com Propósito: Mais que Concreto, Ações que Constroem Futuros
Durante a coletiva de imprensa, o CEO Jardel Couto não se limitou a detalhar os novos empreendimentos — que vão de opções acessíveis a projetos luxuosos à beira-mar —, mas destacou um trecho da música “Te Assumi Pro Brasil”, da dupla Matheus & Kauan, como bordão da empresa: “Ser feliz pra mim não custa caro”. A frase, aparentemente simples, ganha profundidade quando contextualizada. Afinal, felicidade não deveria custar caro para ninguém — nem para quem compra um imóvel, nem para quem depende de uma cesta básica para sobreviver.
É aqui que entra a Patrulha Solidária, iniciativa que transformou o evento em uma oportunidade de engajamento coletivo. Em vez de cobrar ingressos para o show, a VCA e a comandante Alice convocaram o público a doar alimentos, incentivando até mesmo a contribuição com cestas básicas completas. “Temos uma demanda enorme aqui”, alertou Alice, lembrando que a solidariedade não é um gesto pontual, mas um compromisso contínuo.
A Ironia do Luxo e da Necessidade: Um Debate que Não Pode ser Adiado
Há uma tensão inerente em eventos como este. De um lado, uma construtora que lança imóveis de alto padrão; de outro, uma cidade onde famílias lutam por itens básicos. A VCA, no entanto, parece ter entendido que essa dualidade não precisa ser um tabu, mas um convite à ação. Ao vincular a celebração de seu sucesso a uma campanha social, a empresa sinaliza que reconhece seu papel na teia social — ainda que reste a pergunta: até que ponto iniciativas como essa são suficientes?
Não se trata de desmerecer a ação — cada quilo de alimento doado é vital —, mas de ampliar o debate. Se o setor da construção civil é um dos pilares econômicos do país, por que não integrar programas de moradia popular e combate à fome como parte permanente de sua estratégia, e não apenas como gestos eventuais? A resposta da VCA, neste caso, é um começo. Ao menos, há a compreensão de que celebrar sem incluir é uma festa vazia.
Matheus & Kauan e a Metáfora da Trajetória Compartilhada
A escolha da dupla sertaneja não foi aleatória. Jardel Couto ressaltou as “semelhanças” entre a história da empresa e a ascensão dos artistas. Há, de fato, uma metáfora potente aqui: assim como a música country muitas vezes narra superação e raízes humildes, a VCA parece querer reforçar que seu crescimento não apagou a conexão com a base. O risco, claro, é que a analogia soe como marketing — a menos que seja sustentada por ações concretas.
E é justamente isso que a parceria com a Patrulha Solidária tenta garantir. Ao transformar o palco em um ponto de coleta de doações, a empresa devolve à comunidade parte do que recebeu dela. Não é caridade; é reciprocidade.
Solidariedade como Ingresso: Um Novo Modelo para Eventos Corporativos?
O que a VCA propõe, mesmo que em escala pequena, é um modelo ousado: trocar ingressos por gestos de solidariedade. Em um país onde 33 milhões passam fome, iniciativas como essa são mais que bem-vindas — são urgentes. A provocação da Patrulha Solidária — “não traz 1 kg de alimento só não, traz uma cesta básica” — desafia o conformismo. Afinal, por que nos contentarmos com o mínimo quando podemos ir além?
Se cada evento corporativo adotasse essa lógica, talvez víssemos menos jantares de gala para elites e mais ações que efetivamente alimentam, vestem ou educam. O desafio, claro, é fazer disso um hábito, não uma exceção.
Conclusão: Quando a Empresa Entende que seu Legado Não é Apenas de Concreto
O Dia Único VCA será, sim, uma celebração. Haverá música, networking e champanhe. Mas seu verdadeiro legado não estará nos canapés servidos ou nos apartamentos anunciados, e sim nas cestas básicas que chegarão a quem precisa. A VCA acerta ao demonstrar que uma empresa não é feita apenas de balanços financeiros, mas das relações que constrói — com corretores, clientes e, principalmente, com a sociedade.
Que esse evento seja um marco para que outras empresas percebam: o sucesso não se mede apenas pelo lucro, mas pela capacidade de transformar riqueza em pontes. E, como bem disse Alice, da Patrulha Solidária, “estaremos juntos em mais esse momento em prol da nossa comunidade”. Porque, no fim das contas, nenhum empreendimento — seja de concreto ou de esperança — se sustenta sozinho.
Padre Carlos