A prisão do general da reserva Walter Braga Netto, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), desperta inquietantes paralelos históricos que nos levam a refletir sobre os riscos que ameaçam a estabilidade democrática.
Em 49 a.C., Caio Júlio César, à frente da XIII Legião, atravessou o rio Rubicão, desafiando a proibição do Senado romano que vedava a entrada de generais armados na Itália sem autorização expressa. Ao transgredir essa ordem, César pronunciou a célebre frase: “Alea jacta est” (A sorte está lançada), iniciando uma guerra civil que culminaria no fim da República Romana e no estabelecimento de sua ditadura.
A detenção de Braga Netto, acusado de envolvimento em uma conspiração para reverter o resultado das eleições de 2022 no Brasil, ecoa a audácia de César ao desafiar as instituições estabelecidas. As investigações indicam que o general teria participado de reuniões que discutiam medidas extremas, incluindo o assassinato de líderes políticos, com o objetivo de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Esses eventos nos alertam para a fragilidade das instituições democráticas diante de ambições desmedidas. A travessia do Rubicão por César simboliza uma decisão irreversível que levou à concentração de poder e ao declínio da democracia romana. De forma análoga, as ações atribuídas a Braga Netto representam uma ameaça direta ao Estado de Direito brasileiro, colocando em xeque os princípios democráticos arduamente conquistados.
A prisão de um general de quatro estrelas por suspeita de conspiração golpista é um fato sem precedentes na história recente do Brasil e serve como um alerta sobre os perigos que rondam a democracia. É imperativo que as instituições permaneçam vigilantes e atuem com firmeza para impedir que indivíduos ou grupos, movidos por interesses pessoais ou ideológicos, comprometam a ordem constitucional.
A história nos ensina que a complacência diante de atos que desafiam a legalidade pode ter consequências devastadoras. Assim como a travessia do Rubicão por César marcou o início do fim da República Romana, tentativas de subverter a vontade popular e desrespeitar as instituições democráticas podem levar a um caminho sem retorno, onde a liberdade e a justiça são as primeiras vítimas.
Portanto, é com preocupação e temor que observamos os desdobramentos desse caso, na esperança de que a justiça prevaleça e que o Brasil reafirme seu compromisso com a democracia, garantindo que episódios sombrios do passado não se repitam em nosso presente.