Na manhã desta quinta-feira (28), a Polícia Federal deflagrou a segunda fase da Operação Anoxia, que revelou um esquema de desvios milionários de recursos da saúde em municípios da Bahia, envolvendo superfaturamento e fraudes em contratos emergenciais durante a pandemia. A ação cumpriu mandados de busca e apreensão em Salvador, Alcobaça, Vitória da Conquista, Itororó e Santa Luzia, levantando suspeitas de corrupção em larga escala.
O principal alvo da operação é uma empresa de terceirização de mão de obra na área de saúde, que obteve contratos sem licitação com a Prefeitura de Santa Luzia, no sul da Bahia. De acordo com a Polícia Federal, a empresa teria recebido R$ 7 milhões do Fundo Municipal de Saúde em 2021, com indícios de superfaturamento superior a 30%. Além disso, a empresa é investigada por não repassar contribuições previdenciárias ao INSS, desviar recursos públicos e fraudar licitações, entre outros crimes.
Fraudes em meio ao caos da pandemia
As investigações apontam que o esquema começou em 2020, no auge da crise da Covid-19, quando a empresa já operava em Ilhéus, outra cidade do sul baiano. Contratada para fornecer mão de obra temporária em unidades de saúde, a empresa foi escolhida em um processo repleto de irregularidades. A Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que as cotações de preços envolviam até empresas que tinham como principal atividade transporte escolar e construção de edifícios, em um flagrante desrespeito às regras de contratação pública.
A PF destaca que os crimes investigados vão desde corrupção ativa e passiva até apropriação indébita previdenciária, peculato, estelionato e fraude em licitação. Caso condenados, os envolvidos poderão enfrentar penas que somam décadas de prisão.
Repercussão nos municípios e indícios de rede maior
Além de Santa Luzia e Ilhéus, outros municípios onde a empresa atuou estão sob escrutínio. O impacto do desvio de verbas destinadas à saúde, especialmente durante a pandemia, gera revolta em comunidades locais, que enfrentaram colapso nos serviços de saúde enquanto recursos eram desviados para esquemas de corrupção.
A PF e a CGU não descartam o envolvimento de outras prefeituras e empresas no esquema. A investigação segue em andamento, e novas fases da operação poderão ser deflagradas.
A população e as autoridades aguardam respostas contundentes e punições exemplares, enquanto o desvio de recursos públicos em um momento tão crítico para a saúde do país continua a ser uma ferida aberta na Bahia.