O ataque ao Supremo Tribunal Federal na noite de 13 de novembro é mais do que um episódio isolado de violência; é um grito de alerta que deve ser ouvido em todos os níveis da sociedade. O incidente, protagonizado por um homem que deitou-se diante da sede do STF, acendeu um artefato explosivo e aguardou a explosão com impressionante calma, traz à tona o quanto a agressão ao núcleo das instituições democráticas deixou de ser apenas uma metáfora e passou a se materializar na realidade.
Ao que tudo indica, o autor do ataque levou consigo mais do que uma mochila com explosivos; ele carregava uma perigosa ideologia de confronto e desacato às instituições. Segundo testemunhas, o agressor chegou a fazer um sinal de “joinha” para os vigilantes, como se estivesse posando para um retrato de bravura. Esse gesto, carregado de um cinismo inquietante, revela o grau de desprezo e indiferença que certos grupos cultivam em relação ao Estado de Direito.
O Supremo Tribunal Federal, uma instituição responsável por guardar a Constituição e assegurar o cumprimento das leis, não é apenas um prédio de mármore e vidro; é um dos pilares fundamentais de uma sociedade democrática. Um ataque físico a esse espaço é, portanto, um ataque direto à essência do pacto social brasileiro. Mais preocupante ainda é a tentativa de banalizar o ato, como se fosse possível que atos de terrorismo contra as instituições fossem tratados com indiferença, ou, pior ainda, justificáveis por questões ideológicas.
A resposta das forças de segurança foi rápida, mas o episódio expôs fragilidades. A Esplanada dos Ministérios, um dos locais mais protegidos do país, revelou-se vulnerável a uma ação isolada que conseguiu, de forma simbólica e concreta, interromper as atividades dos poderes da República. As falhas de segurança e a falta de uma coordenação preventiva eficaz deixaram o país em alerta. Como apontou o senador Otto Alencar, houve sim uma falha na segurança — uma falha que não pode ser subestimada nem minimizada.
Esse evento deveria servir como um lembrete severo de que a defesa das instituições não se dá apenas por meio de discursos e notas de repúdio. É fundamental que todos, desde o cidadão comum até as lideranças políticas, reconheçam o valor do STF e das instituições republicanas como um bem coletivo, que representa a garantia de direitos, a manutenção da ordem e a proteção contra o arbítrio. A reação do presidente do STF, ministro Luis Roberto Barroso, ao reforçar o diálogo com o presidente Lula e a Polícia Federal, é uma sinalização importante de que a união entre os poderes é essencial para enfrentar este tipo de ameaça.
Ao final, é preciso compreender que um ataque como este não atinge apenas o STF, mas desestabiliza a confiança que os brasileiros depositam em seu sistema de Justiça. Não podemos assistir passivamente a tentativas de desmoralizar e aterrorizar as instituições que, com todos os seus desafios e imperfeições, são o sustentáculo da democracia. Proteger o STF, a Câmara dos Deputados, o Senado, e todas as instâncias democráticas é assegurar que continuemos sendo um país onde o império da lei se sobrepõe ao caos e à violência.
Neste momento crítico, o Brasil precisa se lembrar que a democracia é um valor inegociável e que qualquer ameaça, seja ela simbólica ou literal, precisa ser contida.