Política e Resenha

Família Bezerra e o “Jogo do Tigrinho”

 

 

 

 

Se a realidade tivesse seu próprio universo Disney, a família Bezerra poderia facilmente assumir o papel dos icônicos Irmãos Metralha, famosos vilões atrapalhados que vivem tentando tirar vantagem das situações – só que, no caso aqui, a trama envolve apostas, prisões e uma pitada de ousadia. A advogada e influenciadora Deolane Bezerra, que recentemente obteve um habeas corpus após ser presa na Operação Integration, parece fazer jus à comparação. Afinal, enquanto a Justiça mal esfriava sua decisão, a família já estava de volta à ativa, promovendo casas de apostas online.

Mas, assim como os Irmãos Metralha nunca deixam de tentar novos golpes, o clã Bezerra segue firme no “Jogo do Tigrinho”. O filho de Deolane, Gilliard Santos, e sua irmã, Dayanne Bezerra, junto com o padrasto Danilo Brito, mal esperaram uma semana para voltar às redes sociais divulgando plataformas de jogos de azar que não aparecem na lista de sites autorizados pelo governo brasileiro. Coincidência? Parece que a família aprendeu bem o modus operandi de seus equivalentes animados: agir nas sombras, sempre com um sorriso no rosto.

Gilliard, assumindo o papel do “Metralha líder”, publicou em seu Instagram um vídeo que poderia facilmente ser uma cena de desenho animado: “Comecei com R$ 2.500 e já veio logo um ganho de R$ 600”, diz ele, como se estivesse narrando mais uma das artimanhas do bando. O entusiasmo é palpável – como se a única diferença entre a trama da Disney e a realidade fosse que, aqui, não há planos de roubar o cofre de Tio Patinhas, mas sim driblar o sistema de regulamentação de jogos no Brasil.

Não podemos esquecer Danilo Brito, o “patriarca metralha”, que oferece bônus e presentes para quem se cadastrar em uma casa de apostas usando seu link. “Vou liberar 10 de 50”, promete ele, como se estivesse repartindo parte de um butim. Se os Irmãos Metralha ofereciam pequenos esquemas para se dar bem, a família Bezerra parece ter modernizado as técnicas, adaptando-as aos tempos de internet e influência digital.

A Operação Integration, que investiga lavagem de dinheiro e jogos de azar, pode até ter abalado a família temporariamente, mas parece que nada é capaz de frear o espetáculo. Assim como seus equivalentes animados, a persistência do clã Bezerra é impressionante. Nada de se esconder nas sombras, como fariam criminosos mais tradicionais. Não, aqui, os movimentos são públicos, feitos diante de milhares de seguidores nas redes sociais, com o mesmo charme confiante de quem acredita que está sempre um passo à frente das autoridades.

Se há uma moral nesta história – algo que as produções Disney sempre tentam nos ensinar – talvez seja esta: enquanto os Irmãos Metralha nunca realmente conseguem o que querem, a família Bezerra parece disposta a continuar jogando, mesmo que o castelo seja de cartas. E a plateia, claro, segue assistindo, ansiosa pelo próximo movimento. O problema é que, no mundo real, os desfechos não são tão previsíveis quanto nos desenhos. Talvez o tempo e a Justiça sejam os verdadeiros protagonistas dessa trama, e a moral da história ainda esteja por ser escrita.