Política e Resenha

Governo vai fornecer gás de cozinha para 20 milhões de famílias

 

 

 A Transição Energética e o Papel Social do Estado

 

(Padre Carlos)

O recente anúncio do governo federal de fornecer botijões de gás para mais de 20 milhões de famílias até dezembro de 2025 é uma medida que transcende a simples distribuição de um insumo essencial para o cotidiano dos brasileiros. Essa iniciativa faz parte de uma estratégia mais ampla e ambiciosa: a Política Nacional de Transição Energética, lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que visa colocar o Brasil na vanguarda da sustentabilidade, ao mesmo tempo em que atende às necessidades básicas da população.

A transição energética é, sem dúvida, uma oportunidade que o país não pode desperdiçar. O Brasil, com sua abundância de recursos naturais, como energia eólica, solar, hídrica e biomassa, possui todas as condições para liderar uma revolução verde que pode transformar não apenas a economia, mas também a sociedade. No entanto, a transição energética precisa ser justa e inclusiva, garantindo que os benefícios cheguem a todos os brasileiros, especialmente aos mais vulneráveis.

O programa “Gás para Todos” reflete essa preocupação social. Em um país onde o preço do gás de cozinha pode ultrapassar R$ 140 em algumas regiões, muitas famílias simplesmente não têm condições de adquirir esse produto, recorrendo à lenha ou a métodos alternativos de cocção que prejudicam a saúde e o meio ambiente. Ao garantir o acesso ao gás de cozinha para milhões de famílias, o governo federal não está apenas combatendo a pobreza energética, mas também promovendo dignidade e qualidade de vida para os cidadãos.

Entretanto, esse programa também suscita reflexões mais amplas sobre o papel do Estado e do setor privado na economia brasileira. O presidente Lula foi enfático em suas críticas à privatização da Eletrobras, que ele classificou como um “crime de lesa-pátria”. Segundo ele, a empresa, se permanecesse nas mãos do Estado, poderia ter desempenhado um papel estratégico semelhante ao da Petrobras, impulsionando o desenvolvimento nacional e garantindo que a energia fosse utilizada como um bem público, e não como uma mercadoria sujeita às regras do mercado.

Essa visão contrasta com a ideologia neoliberal, que defende a mínima intervenção estatal e a superioridade do setor privado em praticamente todos os aspectos da economia. No entanto, a história recente do Brasil nos mostra que, sem a presença forte e atuante do Estado, os interesses da maioria da população são frequentemente negligenciados em favor do lucro de poucos.

O desafio da transição energética, portanto, não se resume apenas à questão ambiental. Ele envolve também a redefinição do papel do Estado na economia e a construção de um modelo de desenvolvimento que seja sustentável, inclusivo e socialmente justo. O Brasil tem uma oportunidade única de liderar esse processo, e medidas como o “Gás para Todos” são passos importantes nessa direção. Contudo, é preciso estar atento para que essas iniciativas não sejam apenas paliativos, mas sim parte de uma estratégia de longo prazo que realmente transforme o país em um lugar melhor para todos os seus cidadãos.

O debate sobre a privatização de empresas estratégicas e o papel do Estado no setor energético precisa ser aprofundado. A experiência recente da Eletrobras é um exemplo do que pode acontecer quando o interesse público é subordinado ao interesse privado. O Brasil não pode se dar ao luxo de perder essa oportunidade histórica de construir um futuro sustentável e inclusivo. O “Gás para Todos” é um começo, mas o caminho ainda é longo e exige a participação ativa de toda a sociedade na construção de um modelo de desenvolvimento que realmente atenda às necessidades de todos os brasileiros.

 

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