Em um dia qualquer, fui surpreendida por uma pergunta inesperada. Estava saindo de casa quando um vizinho me abordou: “Você é contra ou a favor da ideologia de gênero na escola?” A pergunta me pegou de surpresa e, por um momento, tentei imaginar o que aquele apoiador do Bolsonaro queria com essa pergunta logo cedo.
Olhei firme nos olhos dele e respondi: “O que é isso que você chama de ideologia de gênero? Onde está escrito? Onde você leu? Explica para mim o que é a ideologia de gênero.”
A ideologia de gênero não consta em nenhuma literatura pedagógica e educacional. Sou professora, estudei filosofia, teologia e sou pesquisadora, e confesso a você que isso que você chama de ideologia de gênero não consta em lugar nenhum.
Esse termo que inventaram, chamado de ideologia de gênero, significa um terror. Significa uma grande ameaça à cabeça das famílias que acreditam, como foi propagado na campanha de 2018, que os professores doutrinam os estudantes, que eles são capazes de influenciar a orientação e a identidade sexual de alguém. A orientação e a identidade sexual não são escolhas. Ninguém escolhe a sua identidade e a sua orientação sexual.
As pessoas são o que elas são. Não existe ideologia de gênero. Me desculpe, mas isso é uma viagem. Sabe o que precisamos para a educação? Precisamos de mais professores nas escolas.
E assim, encerrei a conversa com meu vizinho, deixando-o com algo para refletir. Às vezes, as pérolas que encontramos no dia a dia são oportunidades para esclarecer mal-entendidos e combater a desinformação.