A política é como um tabuleiro onde as peças são movidas de acordo com os interesses e alianças. E na Bahia, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) está prestes a realizar uma jogada decisiva ao reintegrar o Progressistas (PP) à sua base de apoio. Segundo informações recentes, Jerônimo já escolheu a pasta que será entregue ao partido: o comando da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba). Essa escolha revela muito sobre o jogo de poder que está em curso e o delicado equilíbrio entre manter alianças e garantir a governabilidade.
A possível entrega da Agerba ao PP não é apenas uma ação administrativa, mas uma manobra política bem calculada. O Progressistas é uma legenda de peso, que já foi essencial na construção de diversas vitórias políticas no estado, mas que, nos últimos anos, andou afastada do núcleo central do governo petista. Agora, com as eleições de 2026 à espreita, Jerônimo Rodrigues entende que ter o PP de volta à sua base é fundamental para fortalecer sua coalizão e garantir uma estabilidade política necessária para a execução de projetos até o fim de seu mandato.
Mas a escolha da Agerba para o retorno do PP não é casual. A agência é estratégica, controlando serviços essenciais como transportes e energia, setores que possuem grande impacto social e econômico. O Progressistas, ao assumir essa pasta, volta ao jogo com uma ferramenta de grande influência nas mãos, algo que pode ser decisivo para o partido no futuro. No entanto, essa concessão precisa ser cuidadosamente gerida para evitar descontentamentos internos, tanto dentro do PT quanto entre outros partidos da base aliada.
Um ponto sensível que surgiu nas negociações foi a questão de que a primeira-dama de Candeias, Soraia Cabral, não será beneficiada diretamente com essa movimentação. Isso é significativo, pois, em situações semelhantes, há sempre a expectativa de que figuras ligadas a importantes aliados regionais sejam contempladas. A decisão de não incluir Soraia nessa reconfiguração pode indicar uma tentativa de Jerônimo de equilibrar as forças dentro da própria legenda e evitar o fortalecimento excessivo de determinados grupos regionais. O governador, com essa decisão, parece estar enviando uma mensagem clara: as alianças devem ser pautadas por uma lógica mais ampla de governabilidade, e não por interesses pontuais.
Contudo, essa movimentação traz à tona um antigo dilema na política: como equilibrar interesses partidários com a entrega de resultados efetivos para a população? A Agerba é uma pasta que requer competência técnica e gestão eficaz, e é preciso que o PP assuma esse compromisso com seriedade. Se a nomeação de seus indicados se transformar em mera moeda de troca política, o preço a ser pago pode ser alto, e a população será a maior prejudicada.
Além disso, essa jogada de Jerônimo tem implicações que vão além da Bahia. A volta do PP à base do governo petista no estado pode ser um indicativo de como as costuras políticas para 2026 já estão sendo feitas em nível nacional. O PT precisa de aliados fortes para sustentar suas bases regionais e, consequentemente, ampliar sua força no cenário federal. A entrega da Agerba ao PP não é apenas uma jogada estadual, mas um movimento estratégico que visa garantir a manutenção de uma aliança que pode ser decisiva nas próximas eleições presidenciais.
O retorno do PP à base de Jerônimo é uma jogada esperada, mas cercada de desafios. O governador terá que equilibrar interesses diversos, manter sua base unida e, ao mesmo tempo, garantir que a Agerba seja administrada com eficiência e transparência. O Progressistas, por sua vez, tem a oportunidade de mostrar que pode voltar ao jogo com responsabilidade, oferecendo à população uma gestão competente de serviços públicos essenciais.
No fim, o sucesso dessa reintegração dependerá da habilidade de Jerônimo Rodrigues em gerir as tensões e expectativas que essa negociação traz. Se bem-sucedido, o governador terá consolidado uma aliança poderosa para os desafios que estão por vir. Caso contrário, pode abrir brechas que enfraqueçam sua base e compliquem sua gestão. Como em todo jogo político, as próximas jogadas serão cruciais para definir quem, de fato, sai ganhando nesse tabuleiro complexo.