(Padre Carlos)
Marina Colasanti, com sua partida nesta terça-feira aos 87 anos, deixa um vazio irreparável na literatura brasileira e mundial. Mais que uma escritora de renome, Marina era uma artesã da palavra, alguém que moldava o tecido das emoções humanas com a destreza de quem conhece profundamente os labirintos da alma. Sua obra, agora completa, é um legado que permanecerá atravessando gerações.
Marina não era apenas uma autora de narrativas infantis, contos de fadas, poemas e crônicas. Suas histórias, independentemente do público-alvo, transbordavam uma universalidade que poucos escritores conseguem atingir. Era impossível ler Marina e sair incólume. Seus textos revelavam os desejos mais profundos, os medos mais sombrios, as ambiguidades que nos definem como seres humanos.
Enquanto muitos escritores dividem sua produção entre gêneros ou faixas etárias, Marina transitava com naturalidade entre o universo infantil e o adulto, mostrando que as grandes histórias não têm idade. Como os clássicos que inspiram gerações, suas narrativas exploravam temas universais com uma linguagem sensível e refinada, sempre carregada de significado.
Sua morte nos faz refletir sobre o quanto perdemos. Mas também nos convida a revisitar sua obra, a mergulhar em seus contos, poemas e ensaios, onde cada linha parece escrita com a tinta da experiência humana. Marina Colasanti entendia a literatura como uma ponte entre o particular e o universal, entre a criança e o adulto, entre o sonho e a realidade.
Neste momento de despedida, fica a certeza de que sua obra não morre. Pelo contrário, ela continuará viva nas bibliotecas, nas mãos de leitores que se emocionam, nas vozes de professores que declamam seus textos, e, principalmente, na memória de quem já teve o privilégio de ser tocado por suas palavras.
Marina Colasanti escreveu a alma humana. E, ao fazê-lo, tornou-se imortal.