Nos últimos tempos, a sociedade tem exigido conduta ética não apenas de padres e médicos, mas também de profissionais do esporte. Os recentes episódios envolvendo jogadores profissionais, desde sonegação de impostos até casos de estupro, remetem a um alerta feito por René Simões há 14 anos.
Em 2010, Neymar, a jovem estrela do Santos, protagonizou uma polêmica que ecoa até hoje. René Simões, então treinador do Atlético-GO, classificou Neymar como “sem educação” e alertou que estávamos criando um monstro no futebol brasileiro. Passados 14 anos, René Simões mantém sua posição, reafirmando que não mudaria uma vírgula do que disse.
A questão levantada por Simões vai além do âmbito esportivo; ela toca em temas fundamentais como ética, responsabilidade e formação de personalidade. O futebol, muitas vezes visto como espelho da sociedade, reflete não apenas talento e habilidade, mas também o caráter e a postura dos jogadores.
O caso de Neymar serve como um prenúncio para os desafios éticos que enfrentamos atualmente no mundo esportivo. O deslumbramento precoce, a falta de acompanhamento adequado e a ausência de figuras referência no meio podem contribuir para a formação de atletas que, longe dos campos, se veem envolvidos em situações controversas.
É crucial que a formação de jovens atletas não se restrinja apenas ao desenvolvimento técnico, mas que também inclua a promoção de valores éticos e responsabilidade social. Treinadores, clubes e entidades esportivas desempenham um papel vital nesse processo, influenciando não apenas o desempenho em campo, mas também a conduta fora dele.
A sociedade não pode mais fechar os olhos para os desafios éticos no mundo esportivo. O alerta de René Simões deve servir como um chamado à reflexão sobre a responsabilidade coletiva na formação de profissionais do esporte. Somente assim poderemos aspirar a um cenário em que talento e ética caminhem juntos, construindo não apenas grandes atletas, mas também cidadãos exemplares.