Política e Resenha

O Caso José Henrique Silva Tigre (Quinho): Quando a Justiça Prevalece Sobre Acusações Vazias

 

 

 

Por Padre Carlos

Em um cenário político constantemente marcado por suspeitas, denúncias e ruídos que abalam a confiança pública, é reconfortante — e necessário — reconhecer quando a Justiça cumpre seu papel com equilíbrio, cautela e sobriedade. Foi exatamente isso que ocorreu no Inquérito Policial nº 0600461-16.2024.6.05.0039, julgado pelo 14º Juízo das Garantias do Núcleo 14, em Vitória da Conquista.

Os investigados, José Henrique Silva Tigre e Dirleia Santos Meira, foram alvos de apurações por suposta captação ilícita de votos, uma acusação grave que, se confirmada, poderia macular de forma irreversível a trajetória pública e moral desses cidadãos. A sociedade, como é de praxe nos tempos digitais, foi rápida em julgar, apontar dedos, lançar dúvidas e obscurecer reputações, mesmo antes de qualquer comprovação. No entanto, o devido processo legal, silencioso mas incansável, seguiu seu curso — como deve ser em um Estado de Direito.

A decisão proferida no dia 25 de abril de 2025 pelo juiz João Lemos Rodrigues é um marco de serenidade e racionalidade. Ao acolher a manifestação do Ministério Público Eleitoral pelo arquivamento do inquérito, o magistrado reafirma um princípio essencial: não se condena sem prova, não se mancha uma honra sem fundamento. Não se brinca com biografias.

Vivemos dias em que a mera abertura de um inquérito já é suficiente para destruir reputações. O julgamento antecipado se tornou esporte, alimentado por manchetes sensacionalistas e redes sociais sedentas por escândalos. Nesse contexto, a decisão de arquivamento não é apenas um ato jurídico. É um gesto de reparação moral.

José Henrique Silva Tigre, como qualquer cidadão, tem o direito de se ver livre de suspeitas infundadas. E mais que isso: tem o direito à dignidade, ao respeito, à confiança social que lhe deve ser restituída com o mesmo estardalhaço com que foi abalada. Que a Justiça tenha reconhecido a ausência de elementos que justificassem o prosseguimento da investigação não deveria ser surpresa — deveria ser regra. Mas, em tempos de acusações ligeiras, é quase uma vitória civilizatória.

Não cabe aqui julgar a intenção de quem levantou a denúncia, mas sim louvar o papel das instituições que, sem se deixarem contaminar por paixões políticas ou pressões externas, analisaram os fatos com a responsabilidade exigida. A Justiça não serve para alimentar vinganças, mas para proteger direitos — inclusive o direito de não ser injustamente acusado.

Fica, então, a lição: a honra de um cidadão não deve ser moeda de troca na arena política. E quando a Justiça se impõe com firmeza, serenidade e legalidade, todos nós ganhamos. Porque no fim, como bem diz o velho adágio jurídico, “Justiça tardia não é justiça; é injustiça qualificada e manifesta.” Mas, neste caso, ela veio no tempo certo. E com ela, veio também a verdade.