A vida é uma tela composta por diferentes cores e texturas, e cada pincelada representa um momento, uma memória, uma lição. No entanto, há momentos em que somos chamados a refletir sobre o significado mais profundo dessa obra em constante evolução.
Na calma de um crepúsculo, um homem de idade avançada senta-se à beira do mar, contemplando o horizonte onde o céu e o oceano se fundem em um delicado abraço. A brisa do mar acaricia sua face arruivada, e as ondas sussurram suaves palavras de conforto. Com os olhos marejados pela emoção, ele começa a falar.
“Os meus últimos anos de vida terrena estão à minha frente, e quero vivê-los com leveza, como sempre vivi, servindo aos outros e aproveitando o mundo que me cerca. Quero sentir a proximidade do oceano, caminhar pela floresta, visitar as cidades que sempre admirei e viver nem que seja por um segundo a magia da cidade luz e as raízes lusitanas.”
Ao falar de seus anseios, sua voz treme e suas mãos envelhecidas apertam o lenço amassado em suas mãos. Mas, em meio à emoção, há uma paz que emana dele, uma consciência de que, apesar dos anos vividos, a vida ainda reserva momentos para serem aproveitados e sonhos para serem alcançados.
Seu rosto se ilumina ao falar de sua família – de sua esposa que partiu antes dele, de seus filhos e netos que continuam sua história. A emoção transborda em seus olhos, e ele diz, com a voz quebrada, “Quando pensei em minha partida, meus olhos encheram de lágrimas, pois sabia que não poderiam abraçar, beijar ou se aproximar mais de mim.”
No entanto, mesmo na tristeza, há uma serenidade que o envolve. Ele entende que a vida é feita de momentos transitórios, e que, embora a dor da perda seja real, o amor e as memórias compartilhadas são eternos.
“Ter a consciência da finitude sem tristeza, mas apenas com gratidão ao Criador. Aceitar que a vida é como uma bela sinfonia que se desenrola nota a nota, e que cabe a nós aproveitar cada momento como uma obra-prima única e irrepetível.”
Ao contemplar o pôr do sol, ele compreende que a vida é uma aventura repleta de desafios e descobertas. Que os próprios negócios, afetos e expectativas criam prisões que podem limitar nossa visão do mundo e do nosso lugar nele. Mas, em meio a essas reflexões, ele encontra a chave para a liberdade – a aceitação da solidão como um convite à comunhão com o divino.
“Meus anos vindouros dependem de mim, e estou a vivê-los com calma, buscando a luz e a paz nas orações e na contemplação do mundo que me cerca. Eis a verdadeira liberdade – viver cada momento sem medo, com gratidão e aceitação.”