Política e Resenha

O Desafio da Nova Formação Política em Tempos de Conservadorismo Crescente

O fortalecimento do pensamento conservador não é uma tendência restrita a Vitória da Conquista, mas permeia todo o país, impondo às forças políticas a necessidade premente de construir uma nova formação política capaz de dialogar com essa nova realidade.
As eleições recentes, culminando na vitória de Jerônimo e Lula (PT), não podem ser encaradas como o encerramento de um ciclo político, mas sim como um reflexo da divisão do país e do crescimento do pensamento conservador nas últimas décadas. Após um período predominantemente progressista, o Brasil enfrenta agora o desafio de lidar com ideias mais conservadoras que ganham espaço.
O impeachment do presidente Collor de Mello, seguido pela implementação do Plano Real durante o governo de Itamar Franco, representou um marco na estabilização econômica do país. Entretanto, a alternância de poder entre Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi seguida por uma polarização intensa, culminando no impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Esse período viu a consolidação da estabilidade econômica e a implementação de políticas inclusivas.
No entanto, nos últimos anos, testemunhamos não apenas um ressurgimento do conservadorismo, mas um pensamento político que desafia os direitos das minorias, as liberdades individuais, as instituições republicanas e até mesmo a democracia. Esse “fenômeno do conservadorismo” deve ser compreendido em profundidade, inserido em um contexto de transformações sociais e políticas.
Os partidos políticos, instituições datadas do século XIX, enfrentam dificuldades em se adaptar à nova realidade, perdendo a interlocução com a população. Por outro lado, vivemos em uma era de revolução digital, oferecendo a oportunidade de criar novas instituições políticas mais alinhadas com as demandas contemporâneas.
É essencial compreender que o atual conservadorismo não se resume a uma visão reacionária, mas representa um desafio mais amplo, envolvendo a busca por novas formas de representação política. A transformação digital não apenas influencia a maneira como nos relacionamos, mas também oferece oportunidades para repensar as instituições políticas tradicionais.
Nesse contexto, a ascensão do conservadorismo requer uma resposta que vá além da simples oposição ideológica. A construção de uma nova formação política deve ser orientada pela compreensão das transformações sociais em curso e pela adaptação às exigências da era digital.
Portanto, o desafio não é apenas resistir ao conservadorismo, mas também repensar e reinventar as instituições políticas, criando uma nova formação capaz de dialogar efetivamente com a sociedade em transformação. O futuro político do Brasil dependerá da habilidade de construir uma ponte entre o tradicional e o contemporâneo, encontrando soluções inovadoras para os desafios do século XXI.
Padre Carlos